Arquivo

Para além do calendário…

Anotações

O dia 25 de Abril está indelevelmente ligado à Liberdade e à Democracia. Entre estes marcos estão enquadradas importantes conquistas, valores e direitos que, durante décadas, estiveram submersos na prepotência de um regime totalitário.

Eleições livres, liberdade de expressão, poder local, liberdade de imprensa: toda uma terminologia que floresceu numa manhã de abril, em 1974.

A data, que vai ser assinalada na próxima quinta-feira, representa um importante facto na História portuguesa contemporânea; a sua dimensão, contudo, não foi apreendida, por muitos, em toda a sua globalidade; noutros casos as políticas e estratégias seguidas, os oportunismos registados contribuíram para um progressivo esmorecimento dos ideais proclamados, para um distanciamento de camadas sociais, traídas nas suas convicções e esquecidas nas suas realidades e anseios.

Consequentemente, o significado desta data foi-se afastando do pensamento e da prática quotidiana, pautada por outros padrões, comportamentos e atitudes; um quadro que não é original na história da nação…

Um facto histórico, complexo por natureza, desdobra-se em várias facetas, onde se entrelaçam aspetos políticos, económicos e sociais, refletindo a sua análise um cunho tanto mais acentuado quanto o seu enquadramento seja feito em termos de conjuntura ou estrutura.

Trinta e nove anos após abril de 1974, importa reter os ideais que animaram um movimento depressa convertido à escala nacional e abraçado por um sentir bem português, numa doação a que só a gente lusa se sabe entregar; sem se cristalizarem ideologias, dogmas ou extremismos. É fundamental que se apreenda o verdadeiro significado desta data, de forma a refleti-lo, a projetá-lo no presente, com o pensamento no futuro.

É que abril foi o abrir de uma porta para o presente e para um Portugal europeu; interrogar o passado permitirá uma melhor compreensão do presente e permitirá aferir o rumo certo, as estratégias necessárias, as melhores soluções.

Daí que, neste contexto, seja crucial o papel do ensino e dos media pois, como há alguns anos escrevia Mário Mesquita, não há cerimónia pública que substitua o seu papel no conhecimento da História imediata, na transmissão e na reflexão crítica acerca do passado recente.

Neste contexto, há um importante trabalho que pode e dever ser feito, pois será de grande relevo para a preparação do futuro; informando, motivando, refletindo, aproximando…

Evocarmos a data de 25 de Abril de 1974 é assumirmos, individual e coletivamente, os deveres que nos inspiram a democracia e a liberdade, sem nos circunscrevermos apenas a dias assinalados no calendário…

Por: Hélder Sequeira

Sobre o autor

Leave a Reply