P – Lançou suspeitas sobre o próximo ato eleitoral, dizendo que anda no partido há 25 anos e sabe «como se fazem as coisas». Também já “cacicou” votos?
R – Nunca o fiz, até porque os delegados indicados para a mesa de voto da minha concelhia são tratados de forma diferente das restantes. Estão na mesa, a acompanhar todo o processo, e não ao fundo da sala. Mas sei que nem sempre as coisas correm bem no resto do distrito e portanto o que pedi foi que houvesse transparência. O regulamento eleitoral é claro quando diz que os militantes devem votar apresentando um documento de identificação ou um outro com fotografia à mesa para poderem votar. Outra alínea refere que, excecionalmente, dois membros da mesa podem atestar a identidade do militante, mas, se isso for feito, deve constar em ata e até hoje não me recordo de ver uma ata que mencionasse isso. Quero querer que muitos militantes já votaram sem terem apresentado o bilhete de identidade. Contudo, não há melhor forma de garantir transparência nestas eleições do que cumprir o regulamento. Júlio Sarmento ainda não respondeu a este repto, mas pelo que conheço dele acho que vai aceitá-lo e as coisas vão decorrer normalmente.
P – Também disse que atualmente os militantes apenas são chamados quando há eleições. Isso quer dizer que o PSD da Guarda é um partido de dirigentes?
R – É-o de facto porque não existe partilha com os militantes. É importante eles serem ouvidos, mas normalmente nunca são chamados quando há decisões internas importantes a tomar. O PSD deve partilhar obrigatoriamente com os seus militantes, informá-los e ser também mais ativo e interventivo junto deles. Isso não tem acontecido e é o que espero renovar e melhorar na Distrital.
P – Além dessa partilha, o que se propõe mudar no partido?
R – Proponho mudar a forma de fazer política, principalmente partilhando com os militantes. Não consigo perceber por que o presidente de uma Distrital, ou os seus vices, dificilmente participa num plenário de secção. Na minha opinião, ele deve estar disponível para falar com as pessoas e transmitir-lhes as diretivas nacionais. Também vou propor a criação de uma plataforma eletrónica que disponibilize informação do partido, nacional e distrital, aos membros das secções locais e cujo acesso se fará com uma “password”. Atualmente, é por vezes difícil para um simples militante defender o PSD ou a sua forma de atuar em determinada matéria porque não tem informação privilegiada do partido. O que tem acontecido é que as concelhias andam por si só e não têm acompanhamento da Distrital para poderem dar repercussão local das decisões nacionais do partido. Para a maioria dos militantes, a Distrital é um “bunker” ao qual não conseguem aceder. Atualmente, quando se olha para o PSD da Guarda, vêm-se alguns senhores como sendo donos dos votos. Mas os votos pertencem a cada militante e não aos dirigentes desta ou daquela secção ou aos autarcas, que, no entanto, podem ter influência. É preciso dar importância ao militante para que sinta que o seu voto é útil para poder mudar o partido. Acho que é isso que vai acontecer no sábado.
P – Esta ideia da renovação dá a sensação de que para esta nova geração se chegar à frente é preciso fazer sair a “velha” geração. É isso que se trata nestas eleições?
R – Quem está nesta lista é de facto uma nova geração, que quer renovar, mas não rompendo com o passado. Além disso, não estamos a chegar agora, também temos passado no partido e provas dadas nos nossos concelhos, onde lideramos secções e ganhamos eleições. Se somos válidos para trabalhar localmente, é preciso transpor isso para o âmbito distrital para termos um partido muito mais abrangente e com mais consistência para poder alcançar as suas pretensões.
P – Qual será um bom resultado nas autárquicas de 2013?
R – É manter as atuais Câmaras e ganhar mais algumas. Reconheço que não será fácil nalguns concelhos, mas temos bons quadros para o conseguir. Para isso conto com os militantes e as concelhias, que terão a responsabilidade de indicar à Distrital os respetivos candidatos. Essa escolha será sempre respeitada porque, melhor que ninguém, a concelhia sabe qual é o melhor candidato para ganhar a sua Câmara.
P – O que é preciso mudar no partido para o PSD ganhar a Câmara da Guarda?
R – Em primeiro lugar, é preciso respeitar a estrutura. Temos vários episódios na Guarda em que ela não foi respeitada e quando isso acontece dificilmente conseguimos agregar a militância para um candidato. Iremos ganhar a Câmara da Guarda se a Distrital acatar, sem qualquer tipo de rasteiras, a decisão da concelhia. De resto, se votou, por unanimidade, apoiar a minha candidatura é porque percebe que sou um candidato que a vai respeitar. Além disso, tem gente muito responsável, que sabe o que quer para o concelho e que tem a noção de que pode ganhar a Câmara. Portanto, se nós Distrital tivermos a responsabilidade de perceber e entender a concelhia, com certeza que todos, em conjunto, iremos ganhar a Câmara da Guarda. Mas, se for eleito no dia 10, quero ganhar todas as autarquias, não só a da Guarda.
P – Quais são as concelhias que o apoiam?
R – Para já, as que declararam apoio são a da Guarda, Figueira, Almeida e Seia. No entanto, muitas vezes as concelhias dão liberdade de voto, portanto é muito relativo. Em cada concelho há militantes que se revêm na renovação que propomos para o PSD da Guarda e acredito que cada um deles é um voto. Nesse sentido, acredito que a maioria irá votar na renovação no dia 10. Mas, se assim não for, cá estarei para trabalhar com o partido e serei solidário com quem for eleito, como sempre. De qualquer forma, esta eleição já é positiva, porque se o PSD não tiver novas caras e ideias dificilmente consegue ser um partido congregador.