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Palco alternativo em Valhelhas

Festival Serra da Estrela começa amanhã com bandas em destaque no pop nacional

O Festival Serra da Estrela, que decorre este fim-de-semana em Valhelhas (Guarda), quer fazer-se um lugar ao sol no ciclo nacional dos festivais musicais de Verão. A edição inaugural é o primeiro passo, mas Daniel Pires, um dos jovens elementos da organização, espera dar muitos outros. «Não o queremos fazer apenas uma vez, mas sim subir degrau a degrau e conseguir integrá-lo nessa rota», refere, admitindo que Paredes de Coura é um exemplo a seguir, salvaguardadas as devidas distâncias. «O nosso cartaz ficaria bem no segundo palco daquele festival», ironiza.

E não é para menos. Ao programa estão Mind Da Gap, Repórter Estrábico, Cool Hipnoise, The Legendary Tiger Man, Bunnyranch e Mão Morta, entre outros, que irão repartir, entre amanhã e domingo, o palco instalado no campo de futebol de Valhelhas, junto ao parque de campismo e à praia fluvial no rio Zêzere. Condições que terão agradado sobremaneira à produtora portuense Xinfrim, responsável pela organização do evento, e fazem dizer ao presidente da Junta, Rui Rocha, que «se Paredes de Coura tem o cartaz, nós temos as condições físicas e logísticas necessárias para um bom festival». O optimismo é a nota dominante, tanto mais que a organização parece partir para esta aventura com os pés bem assentes na terra. O orçamento de 81 mil euros e alguns contactos privilegiados no meio garantiram o contributo de bandas «com algum historial e bom nível musical». Daniel Pires admite que a organização do evento é arriscada – o fracasso do Festival do Mondego, em Aldeia Viçosa, ainda está na memória, mas considera que «é preciso arriscar de vez em quando para fazer alguma coisa e contrariar a tendência pessimista do interior».

E está confiante que nada vai falhar porque a Xinfrim – que organiza anualmente as Noites Ritual Rock no Porto – tem experiência em festivais, para além do mais são esperadas excelentes condições meteorológicas para o fim-de-semana. O recinto tem capacidade para acolher 20 mil pessoas, «mas já será muito bom se tivermos três mil espectadores por dia», refere, acrescentando contudo que a expectativa da organização é bem menor. O público-alvo são as zonas urbanas da Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Viseu, mas também são esperados espectadores de Lisboa e do Norte do país, até porque o evento está a ser divulgado numa rádio nacional (Antena 3). Quanto ao impacto do festival na localidade, a Junta e os jovens promotores têm vindo a divulgar a iniciativa junto da população. No entanto, o facto de já estar habituada a conviver com os turistas e o bulício do Verão facilita as coisas. «Basta dizer aos mais idosos que é um concerto rock e que vai haver muito barulho, porque de resto os habitantes estão preparados e têm vindo a acompanhar os trabalhos», diz Rui Rocha, que espera que nos próximos três dias vigore o «civismo de quem nos visita e a compreensão dos residentes». A GNR estará lá para o resto.

Dos Urban Spirit aos Mão Morta

O Festival Serra da Estrela é uma iniciativa de um grupo de jovens no âmbito da Liga de Amigos de Valhelhas. O recinto abre portas a meio da tarde de amanhã, mas a música só chega por volta das 22 horas com o hip-hop dos guardenses Urban Spirit. Seguem-se os Dealema, de Vila Nova de Gaia, um autêntico fenómeno de culto no panorama musical nacional, enquanto os veteranos Mind Da Gap fecham a primeira sessão. No sábado muda-se de registo para as sonoridades “world music” dos Sloppy Joe, antes dos históricos e inventivos Repórter Estrábico, que comemoraram recentemente 20 de carreira. A segunda noite encerra com os Cool Hipnoise, uma das melhores bandas nacionais dos últimos anos. Outros pesos-pesados estão reservados para domingo. Começa-se com o criativo e surpreendente projecto The Legendary Tiger Man, o alter-ego de Paulo Furtado (ex-Tédio Boys e líder dos WrayGunn). Continua-se com o rock’n’roll dos Bunnyranch até ao clímax dos exuberantes Mão Morta. Ao programa estão ainda sessões “chillout” na sexta e sábado, com Dj St@rtix e Pasteleira Elektrik, aliás Álvaro Costa, respectivamente.

O campismo é grátis para quem adquirir um bilhete geral (25 euros). Haverá ainda diversas actividades radicais, tasquinhas, uma feira de artesanato e animação de rua com gigantones, malabarismos e demais actividades a cargo de Sarrabekus. A música tradicional também não foi esquecida com os Bombos de Orjais, alguns concertos de grupos locais, enquanto a Fanfarra NemFáNemFum promete surpreender. Os bilhetes estão à venda nos postos de turismo de Almeida, Belmonte, Covilhã, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia, no IPJ da Guarda, em Valhelhas e nos dias de espectáculo. Variam dos 25 euros (para os 3 dias) aos 12,50 por dia. A organização decidiu distribuir 50 por cento das receitas do festival pela Cercig (Guarda), ACM (Covilhã), Casa Cristo Rei (Manteigas), Comissão Fabriqueira da Igreja e ESPVAL, ambas de Valhelhas.

Luis Martins

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