O padre António Moiteiro Ramos, 56 anos, atual pároco da Sé e São Vicente, na cidade da Guarda, foi sexta-feira nomeado para bispo auxiliar de Braga. António Moiteiro será ordenado bispo a 12 de agosto, numa celebração presidida pelo cardeal português D. José Saraiva Martins, ex-presidente da Congregação para as Causas dos Santos.
O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, e o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, serão também bispos ordenantes naquela que será a primeira ordenação de um sacerdote natural da diocese desde 1965. A Sé Catedral, de que António Moiteiro é pároco, será o palco da investidura – D. João de Oliveira Matos foi o último bispo a ser ordenado na Catedral da Guarda, a 25 de julho de 1923. O ainda pároco da Sé, em mensagem enviada à arquidiocese de Braga, agradeceu «a Sua Santidade, o Papa Bento XVI, a confiança depositada em mim» e apresentou alguns dos pressupostas de evangelização a que se irá dedicar. António Moiteiro mostrou-se surpreendido pela nomeação afirmando mesmo que «nunca estamos à espera» até porque «preparamo-nos e sonhamos em ser padres, não sonhamos ser bispos». O novel bispo-eleito auxiliar de Braga apresentou-se ao jornalistas, pouco depois de ser conhecida a sua nomeação, com «um misto de sentimentos» referindo que «humanamente apetece dizer que não, mas um sacerdote nunca escolhe nem os lugares, nem os serviços», pois custa-lhe abandonar «esta comunidade» e não poderá esquecer a «amizade e confiança que sempre recebeu na Guarda».
O padre Moiteiro, como é reconhecido pelos seus paroquianos, chegou à Guarda em 1973, com 17 anos, para continuar os seus estudos no Seminário Maior da Guarda, e irá para Braga em setembro, já como Bispo Auxiliar. Sobre o futuro prefere não falar, pois «só Deus conhece os caminhos», mas a Guarda vai estar sempre no seu. Em Braga, Moiteiro Ramos juntar-se-á a D. Jorge Ortiga, arcebispo desde 1999, e D. Manuel Linda, bispo auxiliar nomeado em 2009. A arquidiocese de Braga tem mais de 550 paróquias, distribuídas pelo território dos distritos de Braga e Porto, abrangendo cerca de um milhão de habitantes.
Da Aldeia de João Pires para o altar de Braga
Nascido a 17 de Maio de 1956 na Aldeia de João Pires, Penamacor, António Manuel Moiteiro Ramos frequentou os seminários diocesanos do Fundão e da Guarda, sendo ordenado sacerdote a 8 de Abril de 1982. De 1984 a 1986 fez a licenciatura no Instituto Superior de Teologia São Dâmaso, em Madrid, filiado na Universidade Pontifícia de Salamanca. Em 1987 foi nomeado pároco de S. Miguel da Guarda.
Atualmente, António Moiteiro era professor de teologia pastoral no Instituto Superior de Teologia Beiras e Douro, em Viseu, tendo publicado vários trabalhos na área da catequese e formação de catequistas. Director espiritual do Seminário Maior da Guarda durante três décadas, dirigiu também os departamentos de Catequese da Infância e Adolescência, bem como do Ensino da Igreja nas Escolas, além da dedicação às suas paróquias na cidade da Guarda: foi pároco em S. Miguel, depois na paróquia de S. Vicente e na paróquia da Sé. Era diretor do Secretariado Diocesano da Educação Cristã.
A agência Ecclesia recorda que Braga é uma das mais antigas dioceses da Península Ibérica, com raízes no século III. Braga tem um rito litúrgico próprio (o bracarense) e entre os seus arcebispos, que usam o título de “primaz das Espanhas”, contam-se vários santos canonizados como Martinho (569-579) e Frutuoso (656-689) de Dume e Braga, Rosendo de Dume (927-951), Mondonhedo, Celanova, e Geraldo (1096-1108) de Braga.
Joaquim Igreja, professor na Secundária Afonso de Albuquerque e nosso colaborador, partilhou com O INTERIOR uma fotografia de 1973, tirada no Seminário do Fundão, que frequentou juntamente com o padre António Moiteiro. O futuro Bispo Auxiliar de Braga (o segundo a contar da direita na fila de cima) frequentava o 5º ano, o correspondente ao atual 9º. Na mesma foto, ao lado, na ponta, está o padre Joaquim António Duarte, enquanto Joaquim Igreja é o quarto a contar da direita. Na fila de baixo surge, à esquerda, João Dias das Neves, professor na UBI e, à direita, José Manuel Monteiro, professor na Secundária Afonso de Albuquerque.
Luis Baptista-Martins
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