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Pacificar

Saliências

A paz conquista-se com uma chupeta. Imaginem que os meninos desatam a chorar. Chupeta! Adoro aquela invenção bem divulgada pelos Simpsons com a sua inigualável filha. Mas acho que devia haver chupetas para adultos. Estou convicto que curavam muitas depressões, roedores de unhas e outros fanáticos da dentada. Um tipo chegava a casa e carregado de quezílias do trabalho iniciava uma discussão. A mulher lesta e prevenida punha-lhe a chupeta na boca e esperava o efeito pacificador do objecto. Desligada a TV e embebidos no silêncio do lar os filhos discutindo uns com os outros retomavam as suas velhas chupetas embebidas em leite condensado. O silêncio enternecido da boca aos chupões. Há dias em que as pessoas surucucu, aquelas que passam a vida e dizer mal de tudo e de todos, deviam experimentar o vício da chupeta. Era melhor para todos. Pacificar passa forçosamente por esta revolução da boca. Porquê acabar com as chupetas aos três anos, se chupar é um verbo melhor conjugado na adultez? Os cones distribuem-se na adolescência e os gelados de chupar invadem todos os verões. As pessoas melhoram imenso quando estão às lambidas nos gelados. Eles são nutritivos e cheios de cor. Há escuros, amarelos, baunilha e morango. Chupar é um vício da infância que devia ser mais explorado nos conflitos dos grandes. Eu defendo a chupeta como um abraço de paz. A Europa devia ter por símbolo a chupeta em vez das estrelas picantes. Uma chupeta perfeita não pica, não aleija e não entorta os dentes. Viva a paz.

Por: Diogo Cabrita

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