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Otimismo marca preparação da Fundação D. Laura dos Santos

Equipa de Moimenta da Serra vai disputar Nacional de futebol feminino da Iª Divisão com aposta exclusiva em atletas da região

A pouco mais de duas semanas do início do Nacional de Futebol Feminino da Iª Divisão, a equipa da Fundação D. Laura dos Santos, de Moimenta da Serra (Gouveia), prepara a sua estreia neste escalão sob o signo do otimismo. Os responsáveis moimentenses acreditam mesmo num «bom campeonato» e na manutenção.

O presidente da coletividade antevê uma época «de consolidação do futebol feminino do distrito da Guarda e também do próprio projeto da Fundação». É que o grupo continua a integrar apenas atletas da região e do distrito, que é «a grande aposta» da instituição. «Neste momento seria fácil falar em seis ou sete atletas de outras regiões, com mais experiência, e que colmatariam até algumas falhas, mas essa não tem sido a nossa forma de estar ao longo dos anos», justifica Rui Reis. Por isso, o plantel transparece uma «forte ligação à formação», que é para manter, «até porque é dessa forma que se promove e engrandece o futebol feminino distrital». O dirigente admite que a próxima época «não será fácil», mas garante que «tudo faremos para manter a equipa na principal divisão e penso que o vamos conseguir».

O plantel ainda não está fechado e mantém a base do ano passado. «Atualmente, temos um grupo de 18 jogadoras, mas gostaríamos de apontar para 23 para garantir alguma profundidade numa época que será longa e desgastante e num quadro competitivo muito exigente», refere Rui Reis. A média de idades ronda os 18 anos, o que para o presidente «não será necessariamente uma desvantagem, como provaram os anos anteriores». E recorda que, «apesar da juventude, muitas das nossas jogadoras têm já larga experiência». O presidente da Fundação exemplifica com Filipa Rodrigues, que vai cumprir a sexta época em Moimenta da Serra e que, «apesar dos seus 18 anos, tem já experiência internacional e enverga a braçadeira de sub-capitã da seleção de sub-19».

À frente da equipa mantém-se Joaquim Serambeque, o técnico da subida e um dos responsáveis pela implementação do futebol feminino na Fundação. O treinador afirma que a subida à Iª Divisão materializa «um sonho que perseguíamos há dois anos», mas avisa que, «com esta promoção, muda tudo» em termos de treino e preparação. «Temos de treinar mais vezes e preparar os jogos de outra maneira, pois as adversárias são mais fortes e o campeonato será mais exigente, sobretudo em termos físicos». Além de um «maior conhecimento tático» das adversárias, as moimentenses treinam agora «quase todos os dias», conta o treinador, que não esconde algumas preocupações com o plantel, que é «algo curto e torna mais difícil enfrentar a época». Apesar disso, Joaquim Serambeque garante que «vamos trabalhar com o que temos, evoluir um pouco mais e não virar a cara à luta pela manutenção, que é o nosso principal objetivo e que acredito que vamos conseguir».

A capitanear a equipa está Sílvia Rebelo. A defesa-central, frequentemente chamada à seleção A, joga na Fundação desde que o futebol feminino ali existe, há dez anos. A atleta confirma que já recebeu convites para rumar a outras paragens, mas que se mantém em Moimenta da Serra porque «esta chegada à divisão principal é um feito que perseguíamos há algum tempo e, agora que o alcançámos, quero desfrutar do momento e viver este sonho». Sílvia Rebelo reconhece que o grupo vai «encontrar outra realidade», mas confia numa época de sucesso, revelando que as jogadores querem mais do que a manutenção. «Estamos confiantes numa classificação mais alta, talvez até na metade superior da tabela», acredita.

Participação na Iª Divisão aumenta encargos

Na primeira jornada a Fundação D. Laura dos Santos desloca-se a Setúbal, para jogar contra a Escola de Futebol Feminino local, sendo esta a antevisão do que vai ser a época. «Somos a única equipa da região Centro, o que se traduz em viagens frequentes às zonas de Porto e Lisboa», refere Rui Reis, acrescentando que se trata de uma «alteração profunda» em termos de custos, «principalmente se nos lembrarmos que na IIª Divisão jogávamos apenas nos distritos de Aveiro e Viseu». Contudo, a Fundação não vai receber qualquer ajuda para fazer face a este encargo suplementar: «Não temos da parte do município um tratamento diferenciado em relação aos outros clubes», indica o presidente. As «péssimas condições de treino» são outra preocupação de Rui Reis. «Dispomos apenas de um campo de futebol de 7 e temos de recorrer a outros espaços fora da freguesia, como o Estádio do Farvão, em Gouveia, que tem muito boas condições, mas implica ainda mais custos porque temos de pagar a sua utilização», declara o responsável, segundo o qual ainda não é o momento de investir em infraestruturas próprias.

Aposta no futebol feminino começou há 10 anos

Foi há exatamente uma década que esta IPSS de Moimenta da Serra resolveu apostar no futebol feminino. Rui Reis foi um dos impulsionadores da ideia, «movido pelo facto de ser um desporto diferente e pouco praticado. Não havia clubes no concelho de Gouveia e eram muito poucos no distrito», recorda o presidente da Fundação. Dez anos depois, o dirigente considera a aposta «um sucesso», tendo formado atletas de nível internacional, como Ana Borges. «E continuamos a ter jogadoras, caso da Filipa Rodrigues ou da Joana Maia, que marcam presença nas seleções jovens», destaca. A formação continua, por isso, a ser a grande prioridade da Fundação. «Os nossos êxitos desportivos têm muito melhor sabor, pois sabemos que é um sucesso totalmente nosso», declara Rui Reis, acrescentando que «é gratificante ver as nossas jogadoras chegarem ao mais alto nível». O balanço desta década é, por isso, «extremamente» positivo. «A Fundação tem ganho muito com o futebol feminino», garante o dirigente.

Fábio Gomes Equipa começa o campeonato em Setúbal a 9 de setembro

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