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Os UAV’s em Portugal

A actividade aérea tem recorrido, nos últimos anos e em crescente escala, aos veículos aéreos não tripulados (UAV – Unmanned Air Vehicle) para missões de vários tipos, como por exemplo: fotografia aérea, reconhecimento militar, investigação de fenómenos atmosféricos em grande altitude, comunicação rádio, vigilância de incêndios, desenvolvimento de tecnologia, etc.. Apesar da tecnologia envolvida, os UAV’s, não sendo tripulados, possuem dimensões mais reduzidas do que os tripulados, tornando a sua operação mais flexível e mais económica. A crescente capacidade de automação e comunicação e a evolução dos materiais disponíveis tem permitido a operação destas aeronaves a distâncias e altitudes cada vez maiores tornando o seu potencial igual, ou mesmo superior, a outras aeronaves que necessitam de transportar a bordo os sistemas de apoio à tripulação. Para missões de vigilância a curta distância, o investimento necessário para o desenvolvimento e operação de um UAV é comparativamente inferior aos equivalentes tripulados, pelo que a sua utilização nessas tarefas resulta num custo/benefício muito mais apelativo. A tecnologia dos UAV’s é o único sector da indústria aeroespacial com um crescimento significativo nos últimos 20 anos, com uma taxa média de crescimento de mais de 14% ao ano.

E qual é a situação em Portugal? Para ser directo, pouco se passa… Existem vários projectos em andamento em todo o país mas, muitos são de investigação e os que têm um potencial comercial carecem de suporte financeiro adequado para progredirem na velocidade desejada. Nos últimos meses tem-se falado, frequentemente, na utilização dos UAV’s para a vigilância aérea do território nacional, com particular destaque na sua utilização na detecção de fogos florestais. Inclusivamente, no primeiro semestre deste ano, foi assinado um protocolo por três ministérios do governo com o intuito de incentivar e apoiar um projecto com este fim. A verdade é que a floresta continuou a arder e nada mais se soube desde então. Portugal não tem, ainda, a maturidade para saber analisar um problema concreto, avaliar o seu alcance económico e social e definir uma linha de actuação eficaz que o resolva a médio e longo prazo.

Em Évora está a instalar-se uma empresa que pretende produzir helicópteros não tripulados para a vigilância aérea. Antes de mais, convém dizer que, à semelhança de outras empresas construtoras de aeronaves tripuladas que se instalaram em Portugal, a tecnologia envolvida não é nacional. Também é duvidosa a eficácia do helicóptero na tarefa de vigilância da floresta que exige voos de longa duração. No entanto, a sua aplicação noutras tarefas das muitas que podem existir é indiscutível. Acima de tudo, é louvável a Em Évora está a instalar-se uma empresa que pretende produzir helicópteros não tripulados para a vigilância aérea. Antes de mais, convém dizer que, à semelhança de outras empresas construtoras de aeronaves tripuladas que se instalaram em Portugal, a tecnologia envolvida não é nacional. Também é duvidosa a eficácia do helicóptero na tarefa de vigilância da floresta que exige voos de longa duração. No entanto, a sua aplicação noutras tarefas das muitas que podem existir é indiscutível. Acima de tudo, é louvável a A nível local, o cenário também não é animador. A Covilhã, possuindo uma universidade com uma Licenciatura em Engenharia Aeronáutica que tem vindo a desenvolver projectos na área dos UAV’s com recursos próprios, está alheia a esta situação. A existência de um aeródromo, a criação recente de um parque de tecnologia (Parkurbis) com vista a acolher e apoiar jovens empresas de novas tecnologias e a existência de uma universidade com a capacidade científica adequada são ingredientes suficientes para levar em frente um ou mais projectos de sucesso na área dos UAV’s.

Será que vamos continuar a ver os aviões passar, gastando rios de dinheiro em tecnologia estrangeira em vez de investir no grande potencial nacional? Se quisermos, podemos ser competidores internacionais neste grande mercado dos UAV’s. Mas, queremos?

Por: Pedro Gamboa *

* Assistente do Departamento de Ciências Aeroespaciais da Universidade da Beira Interior

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