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Os timings das eleições

Hoje, mais que nunca, com a situação de crise instalada, o voto é um direito e um dever. O voto é uma conquista que quanto mais for exercida mais reforça a Democracia.

Nesta altura, não há português que não discuta a célebre lei da limitação dos mandatos autárquicos (lei nº 46/2005), que diz que «o Presidente de Câmara Municipal e o Presidente de Junta de Freguesia só podem ser eleitos para três mandatos consecutivos», nada dizendo se é a qualquer autarquia do país ou só àquela em que já cumpriu os três mandatos.

Chegados a esta altura existem muitos cabeças-de-lista por este país fora, incluindo Álvaro Amaro e João Prata na Guarda, que ainda não sabem se podem ou não ser candidatos, ficando suspensos por uma sentença do Tribunal Constitucional que só chega, diz-se agora, no dia 4 de setembro, a 25 dias da data das eleições.

Não se entende por que é que a Assembleia da República não resolveu em tempo útil um problema que eles próprios criaram, seria tão simples alterar a lei, possibilitando a sua interpretação, acabando com esta situação pantanosa a que deixaram chegar este folhetim de sentenças díspares em casos perfeitamente semelhantes. É ridículo.

Costuma-se dizer que as sondagens valem o que valem, mas, pela primeira vez na história da política autárquica no concelho da Guarda, uma sondagem dá a vitória ao candidato da coligação PSD/CDS-PP. Pode-se sempre dizer “que a procissão só agora vai no adro”, mas o que é um facto é que a sondagem do semanário “Expresso” dá a vitória a Álvaro Amaro, elegendo-o como o primeiro presidente da Câmara da Guarda eleito pela coligação PSD/CDS-PP; porém, a juíza do Tribunal da Comarca da Guarda vem dizer que Álvaro Amaro já não é o candidato e que este terá sido substituído pelo seu número dois na lista…. Vejam que confusões! A ser verdade, por decisão do Tribunal Constitucional, o próximo presidente da Câmara da Guarda, segundo a referida sondagem, poderá ser um independente apoiado pela coligação PSD/CDS-PP. Por quem este eleito irá assinar a sua militância, pelo PSD ou pelo CDS-PP? Mais!, o número dois, isto é, o vice-presidente será assim nesta situação o elemento do CDS-PP, esse sim militante e por isso mesmo dignamente apoiado pela coligação, a pergunta será sempre como fica o PSD? Ao deitarmos o olho para a lista à Assembleia Municipal, vemos que o número dois é também um militante do CDS-PP…. Afinal, iremos ficar cada vez mais fortes. Força CDS-PP, vamos marcar pontos, esta é a sondagem.

A Guarda quer mudar, a Guarda acredita no seu futuro, um futuro que tem que ser de desenvolvimento, com nova liderança que coloque a Guarda na senda do progresso, fazendo esquecer o que foram os últimos mandatos que só trouxeram à Guarda um abandono total. Mas parece que os mordomos da festa da campanha política, o mesmo é dizer os candidatos, estão alheios destas decisões e até deste compromisso com a Guarda e com as restantes autarquias no país.

Curioso será, para fundamentar este meu pressuposto, a vivência das maiores crises sociais e económicas que Portugal atravessa em tantas décadas e agora, milagre dos milagres, aparecer a abundância. A força do poder contra a força do querer ficou bem presente na decisão tomada pelo recandidato do PS e presidente da Câmara de Lisboa, que resolveu comemorar os 25 anos do incêndio do Chiado fazendo uso dos bombeiros profissionais. Foram 321 bombeiros apoiados por 81 veículos e pagando a mais uns quantos figurantes para encerarem o momento através de um simulacro, COMO!, um sempre despesismo evidente nestas alturas de campanha onde parece que vale tudo, “até arrancar olhos”! Vergonhoso, numa altura em que o país se encontra massacrado pelos incêndios, pelas vitimas que os mesmo têm causado, é possível que um ser que pretende continuar como presidente de uma autarquia se faça protagonista neste despesismo? É uma vergonha, acabemos com este rol de políticos sem vergonha e completamente dados a palhaçadas pouco dignas da situação em que o país se encontra.

Haja respeito nos timings que são de todos.

Por: Cláudia Teixeira

* Deputada do CDS-PP na Assembleia Municipal da Guarda

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