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Os terríveis 16

FELICIDADE

por Beatriz Almeida (11º B)

É muito conhecida a designação de «os terríveis dois anos» (“terrible twos”). A descoberta do mundo, a iniciação da fala, querer mexer, tocar, experimentar. Confesso, bastante assustador para os adultos circundantes que não sabem como lidar com a situação. Todavia, creio que existe uma fase igualmente apavorante (senão mesmo mais): os terríveis dezasseis.

Os terríveis dezasseis: um medonho mundo cercado por um amargoso muro por nós criado com o intuito de repelir intrusos. Tornamos o ambiente envolvente num lugar pouco propício a qualquer pessoa que dele queira fazer parte, quer isto se deva ao nosso humor iníquo injustificável, quer à exuberância e personalidade extrovertida excessivas.

Tens a teu cargo a difícil missão de descobrires quem és, os caminhos que queres seguir. Os terríveis dezasseis são a árdua escolha de ires para a direita quando todos seguem para a esquerda; são ouvires a tua voz interior gritar quem realmente és e seres-lhe fiel; são, por vezes, não ires àquela festa e descobrires que não foi vital para a tua felicidade; são saberes ouvir um não quando o que mais desejas é um sim; são apaixonares-te e desapaixonares-te por aquela pessoa; são fazeres isto vezes e vezes sem conta até saberes o que realmente é amar alguém; são o erro e a lição que dele advém; são a concretização que a vida não se resume ao hoje e que não tens de querer experimentar tudo no agora, pois o amanhã reservar-te-á algo fantástico; são aperceberes-te que querer crescer demasiado depressa apenas trará danos futuros; são ires mais além e não levares em consideração aquilo que se diz nos corredores do liceu; são dares conta da hipocrisia que te rodeia e saberes lidar com ela; são amadureceres e, por vezes, deixar a tua inocência de lado, pois nem todos têm boas intenções; são a aceitação do diferente; são as borboletas no estômago; são a fadiga e a energia eletrizante; são os risos estridentes e as lágrimas (aparentemente) perpétuas; são o escanifobético; são o sôfrego; são o «sou imortal»; são os fins de semana agressivos rodeados de livros; são as paixões platónicas e as não correspondidas; são a veemência desmedida com que lidamos com os problemas tão triviais; são o desarrumado; são os tão animados e solarengos verões; são os amigos; são o famoso «para sempre» que é tão efémero; são a queda e a recuperação; são os olhares matadores dos inimigos; são a irreverência.

Os terríveis dezasseis são acima de tudo uma passagem da tua vida onde te são abertas imensas portas, que, algumas com perseverança, terás de fechar.

São a aprendizagem a amares quem és.

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