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Os segredos do Mileu e de 24 sítios arqueológicos da Beira Interior

Exposição da ARA patente no guardense Paço da Cultura até dia 19

Numa altura em que recomeçaram as escavações na estação do Mileu, na Guarda, após uma paragem de três anos, a exposição itinerante “25 Sítios Arqueológicos da Beira Interior” está no Paço da Cultura para ajudar os guardenses a compreender melhor um local ainda rodeado de grande mistério. Justamente, a segunda fase dos trabalhos, dirigida pelo arqueólogo do município Vítor Pereira, visa determinar em concreto o que ali existiu, junto à capela.

Actualmente, ainda há muito por conhecer sobre o passado do local. Nos anos 50, Bairrão Oleiro, com a colaboração do historiador Adriano Vasco Rodrigues, descobriu os primeiros vestígios de ocupação romana. Mas, para além deste período correspondente aos séculos I e II, já foram encontradas outras estruturas, como cerâmicas, muros de edifícios ou condutas de escoamento de águas. Mas também alguns indícios referentes a uma ocupação medieval, mas numa camada mais superior. A intervenção arqueológica no Mileu começou em 2000 e dois anos depois chegou ao fim. Durante essa primeira fase abriram-se seis a nove sondagens para tentar determinar a tipologia, o período, a ocupação dos vestígios e as estruturas. Dados que se espera complementar agora nesta segunda prospecção. Até lá, a mostra “25 Sítios Arqueológicos da Beira Interior” promete dar uma ajuda. A exposição, que, desde Maio, já passou por 12 localidades da região, é organizada pela ARA – Associação de Estudo Desenvolvimento e Defesa do Património da Beira Interior e apresenta as principais estações arqueológicas dos distritos da Guarda e Castelo Branco.

O sítio do Mileu é um locais representados através de imagens e informação detalhada, a par do Prazo (Foz Côa), Vale do Côa, Castelo de Longroiva (Mêda), Templo Romano da Civitas Aravorum (Mêda), Torre de Almofala (Figueira de Castelo Rodrigo) e Moreira de Rei (Trancoso). Podem ver-se igualmente as estações de Vilares (Trancoso), S. Gens (Celorico da Beira), Castelo Mendo (Almeida), Calçada dos Galhardos (Gouveia) e o Sabugal Velho (Sabugal). O mais representativo do distrito de Castelo Branco está em Centum Cellas (Belmonte), Templo Romano de N. Sra. das Cabeças (Covilhã), Torre dos Namorados (Fundão) e Idanha-a-Velha (Idanha-a-Nova), entre outros. A ARA explica tratar-se de uma escolha «subjectiva», pois os sítios seleccionados não são «necessariamente os mais importantes em termos científicos, mas aqueles que se encontram visitáveis e enraizados na memória colectiva das populações como testemunhos de um passado mais ou menos remoto». A iniciativa tem ainda a particularidade de revelar o trabalho dos vários arqueólogos que trabalham na região. Caso de António Sá Coixão, Ana Brígida Cruz, Manuel Sabino Perestrelo, Elisa Albuquerque, Maria do Céu Ferreira, António Carlos Valera, Vítor Pereira, Marcos Osório, Ana Bica Osório, João Lobão, António Marques, Dário Neves, Helena Frade, Pedro C. Carvalho, José Cristóvão e do Museu Arqueológico Municipal do Fundão.

Todo este património está patente desde segunda-feira no Paço da Cultura até dia 19.

Luis Martins

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