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Os problemas da Guarda

Crónica Política

O estudo realizado pelo “Expresso” sobre a qualidade de vida das cidades portuguesas, que classifica a Guarda em 23º lugar, mereceu reacções agastadas à Presidente de Câmara da Guarda, que sublinha o carácter falível e pouco científico da análise. Porém, simultaneamente, concorda com a valoração fortemente negativa atribuída ao trânsito e ao estacionamento na cidade.

Por esta altura, dá-se o braço a torcer e propõe-se a reprogramação do Programa Pólis, aceitando-se que as obras mais relevantes da intervenção sejam remetidas para um futuro confortavelmente dilatado, e sujeitas a condições vagas de negociação com o governo. O que não se diz e não se justifica, é como é possível que a três meses do termo do prazo, impreterível, apenas 25% da obra esteja realizada! Talvez fosse interessante dar conhecimento público do custo da administração deste programa (planeado e orçamentado para 100% da obra!) e do custo das acções de comunicação e marketing (provavelmente executadas a 100%): teríamos uma ideia mais justa de como foi gasto o dinheiro.

Certo é que a verba prevista inicialmente no montante de 11 milhões de contos, e aprovada com valores na ordem dos 7 milhões de contos, não serviu para resolver os problemas estruturais da cidade. Desistiu-se da ligação por “mono-rail” da zona alta e zona baixa da cidade, desistiu-se da ligação por túnel, da parte oriental e ocidental do centro da cidade, e creio ter-se desistido de construir parques de estacionamento no perímetro do Centro Histórico.

A título do que parece ser um prémio de consolação, anunciaram-se as obras na Praça Velha para serem iniciadas em Junho próximo. Por diversas vezes preveni para a importância destas obras serem planeadas com rigor, minorando o transtorno naturalmente provocado a moradores e transeuntes. Nesta altura são já questões de somenos… A dúvida é se esse calendário vai ser cumprido, quando sucessivamente foram anunciados os trabalhos para Setembro de 2003, Janeiro de 2004 e depois para Março deste anos (para não falar de outras promessas e calendários)… Impõe-se ver para crer!

Ficam então resolvidos os problemas do trânsito e do estacionamento? Eis uma questão que deve ser colocada no centro das preocupações dos responsáveis políticos e dos cidadãos. Constatámos a desistência displicente de ideias que resolveriam estes problemas fulcrais, mas não tive conhecimento de propostas alternativas.

Por minha conta e risco, propus a alteração do sentido de trânsito na Praça Velha, injectando no Centro Histórico, ainda que temporariamente, o trânsito que sobe a Rua Tenente Valadim e hoje é desviado para o Estádio Municipal; alguém propôs a construção de um parque de estacionamento nas traseiras da Sé; outros entendem que ainda tem actualidade o projecto do parque de estacionamento subterrâneo na Praça Velha… Mas os responsáveis políticos aos costumes disseram nada…

Entretanto a Praça Velha continua com estacionamento, circula-se na Rua Direita, continuam a arrancar-se, persistente e malevolamente, os pinheiros na Rua do Comércio e a Guarda está em 23º lugar na qualidade de vida das cidades portuguesas!

Por: Rui Quinaz

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