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Os poderes Bum

Bilhete Postal

Bum Bum tenho a dizer do BES e depois zás trás gritarei da PT e com elas sinto o cheiro de sangue, o fedor da morte, a putrefação. Não é Raid, não é Ezalo, é Bum Bum, é morte de bolso, é arrepio de mesada, é encolher salário. Salgado sai rico depenando o banco – bum. Bava é condecorado. Zás é força de pancada, trás é chapada e Bum é morte de gente. Bum Bum nos fizeram a nós. Siglas de dor tem três letras apenas: BPN, BES, BPI e, se calhar, BCP e CGD. Bang Bang diz o Adolfo Luxuria Canibal mas o que se sente é dormência, é gente “chorrente” de chorar sem corrente, é gente paspalha de aguardar serena, é gente amolecida de tão zurzida. Bang, Bum, Pam e a revolta nada. Quem os mata é o mercado, que lhes tira milhões em cliques, em toques de botão, em estalar de dedos. Quando os encontram fracos enfiam-lhes o dente e eles sofrem da doença que nos dão. Bum, milhões vão. Bang, juros aos empurrões. Pam, bolsas doentes. O Estado dependente recebe a pancada brutal que vem dos mercados com freio nos dentes. Regula ninguém, mente a toda a gente e nós bum bum. Morte de casas. Morte de escolas. Morte de poupanças. Bum Bum lá se vai o Passos na tormenta do Sócrates. Bang, Bum, Pam Pam e morre uma economia. Parece o fim de um caminho, a etapa final de uma burguesia. Morrem afogados no dinheiro que roubaram dos povos adormecidos com bens de consumo, com dívidas de pagar frigoríficos, obras em casa, piscinas vazias. Bang para a fantasia da casa própria. Bum para o mobiliário urbano. Pam para as diatribes do político, para os desequilíbrios dos financeiros. Eu gosto de os ver cair sem amparo. Gosto de ver como se ferram no metal que nos cravaram. Pum Pum.

Por: Diogo Cabrita

Comentários dos nossos leitores
Lucinda Augusto lucindaa15@gmail.com
Comentário:
Gostei do texto. Tem uma perspectiva aguerrido/dormente. Mas, “Gosto de os ver cair sem amparo?” Eu também gostaria. Mas amparo é coisa que nunca lhes faltou nem falatra. A nós, sim.
 

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