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Os “pica miolos”

Saliências

Um “pica miolos” compromete-se contigo e não aparece depois. Não te atende o telefone, não vem visitar-te mais, não te dá explicações, não se retrata do compromisso, não te diz que não e fica desaparecido até que o pedido te esqueça. Mas o mal é o pedido que não esquece e o telefonema que não vem. Um “pica miolos” pode ser construtor civil, médico, engenheiro, empresário, director de qualquer coisa. As listas de espera são como as casa à espera de trabalhadores, ou o automóvel a aguardar o mecânico, ou a noite perdida na entrada do bar, ou o “guichet” que não decide, ou a publicação que tarda. Esperar é uma arte de que nem todos somos capazes. Esperar numa sala é enfadonho e aguardar horas a consulta, a operação, a fila dos U2 é demoníaco. Esperar que terminem as obras, que arranjem as torneiras, que coloquem os estofos, que nos beijem, pode ser tremendo. Aquela paixão que não vê, que parece desentendida… Todos uns “pica miolos”. Mas o zezeze também é “açorda de miolos”. Aquele tipo que não gosta de nada, que não vê virtude, que não aceita mudanças, que quer sempre a mesma chávena, o mesmo lugar a mesma hora também me inferniza o cérebro. O zezeze adora falar e escrever mal do mundo que o cerca. Aliás o mundo dele é apenas o que o cerca. O verdadeiro “pica miolos” é sempre egoísta e chato como a ferrugem. Tenho dito.

Por: Diogo Cabrita

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