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Os livros da minha vida

DELFINA DOS SANTOS

Há livros que ficam na História e outros que ficam na história da gente. Muitos são os que permanecem na minha memória, pelo conteúdo, pela maneira como foram escritos ou pelas circunstâncias em que foram lidos. Comprados, oferecidos, emprestados ou simplesmente requisitados, em cada um deles uma viagem, uma aventura ou simplesmente uma lição de vida. Alguns são melancólicos, assustadores, intrigantes e outros apenas complicados, no entanto todos eles me trouxeram bons momentos de lazer e reflexão.

Comecei, desde cedo, a apreciar os momentos de leitura com os tradicionais contos infantis e com as bandas desenhadas. Os romances e a poesia vieram depois, no Liceu, com Eça de Queirós, Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Bernardo Santareno, José Cardoso Pires, Carlos Oliveira, Miguel Torga, Fernando Pessoa, etc. Nessa época, o meu preferido era, sem dúvida, Eça de Queirós. Li Os Maias, O Primo Basílio, O Crime do Padre Amaro, As Minas de Salomão, O Conde D’Abranhos, A Relíquia, A ilustre Casa de Ramires, A Correspondência de Fradique Mendes, entre outros.

Mais tarde, foi a escrita de José Saramago que me fascinou: Levantado do Chão, Todos os Nomes, As Intermitências da Morte, Ensaio sobre a Cegueira. Os clássicos da mitologia, A Ilíada de Homero e A Eneida de Virgílio também fazem parte da minha biblioteca, assim como livros da Literatura Francesa: Júlio Verne e as suas viagens fantásticas, Voyage au Centre de la Terre, 20.000 Lieues sous les Mers, La Jangada, Michel Strogoff; Eugène Sue com Les Mystères de Paris e Le Juif Errant; Guy des Cars com L’impure, L’insolence de sa Beauté e Filles de Joie; Madame de la Fayette e La Princesse de Clèves; Gustave Flaubert e a sua Madame Bovary; Baudelaire com Les Fleurs du Mal; Victor Hugo, autor de Les Contemplations. Muitos outros ficam por referir, Corneille, Molière, François Mauriac, Ionesco, Honoré de Balzac.

Os livros da minha vida são também aqueles que ainda não li mas que aguardam serenamente pela minha disponibilidade. Neste momento, regressei aos contos infantis, para ler em voz alta ou serem cantados, para colorir a imaginação dos meus pequenos e embalar os seus sonhos.

Infelizmente, num mundo tão cheio de tecnologias como este em que vivemos, onde todas as informações estão prontas, o lugar e a importância do livro parece ter ficado esquecido. No entanto, não há tecnologia que substitua o prazer de folhear as páginas de um bom livro e descobrir um mundo repleto de sensações.

*Assistente técnica na ESAA

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