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Os livros da minha vida

Por Maria José Pestana*

O prazer da leitura surgiu com as primeiras letras. A escola, o saber e o conhecimento eram muito valorizados pela minha família, os meus irmãos mais velhos influenciavam-me. Os livros estiveram sempre presentes nos meus momentos de lazer. A ida à “Biblioteca Itinerante”, na década de sessenta/ setenta do século XX, era um prazer e uma inquietação porque não encontrava os livros desejados e/ou não tinha idade para os ler. Todos os livros que li e aqueles que abandonei sem chegar ao fim foram importantes na minha vida. Certos autores pelos quais me apaixonei com 10/12 anos hoje, não representam nada para mim, mas tenho de os mencionar.

“Os Cinco”, de Enid Blyton, a autora punha-me a viajar por lugares desconhecidos: as aventuras, os mistérios, os passeios pela natureza, a liberdade, a cumplicidade e a criatividade daqueles adolescentes. Ainda na adolescência, “David Copperfield”, de Charles Dickens, romance que retratava a crítica social na literatura de ficção inglesa do século XIX. “A Morgadinha dos Canaviais”, de Júlio Dinis, romance em que a personagem de Henrique se apaixona pela rural Madalena, misturado com o fanatismo religioso do século XIX e as minhas dúvidas sobre a existência de Deus. “O Milagre Segundo Salomé”, de José Rodrigues Miguéis, romance laicista e anticlerical, a dúvida, a incerteza, também marcou a minha vida nos pós-25 de Abril. “O Principezinho”, de Saint Éxupery, é uma obra extraordinária que mostra uma profunda mudança de valores, que ensina como nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas que nos rodeiam. Ainda hoje releio esse livro. “Os Maias”, de Eça de Queirós, o quadro romanesco de toda a obra, a crítica social, os pormenores das personagens. “Cem Anos de Solidão”, de García Márquez, todos em luta contra uma realidade truculenta, excessiva, sempre à beira da destruição total. “Ensaio Sobre a Cegueira”, de José Saramago, a luta pela sobrevivência do homem. “De Profundis, Valsa Lenta”, de José Cardoso Pires, a importância da memória para as pessoas. Li quase todos os livros de Isabel Allende, alguns de Inês Pedrosa, de António Lobo Antunes e esperam na mesa de cabeceira: “A Festa do Chibo”, de Mário Vargas Llosa; “Eu e as Mulheres da minha Vida”, de Tiago Rebelo; “O Senhor Cinco por Cento”, de Ralph Hewins; “Maníacos de Qualidade”, de Joana Amaral Dias e “Os Donos de Portugal”, de Jorge Costa, Luís Fazenda e outros. As leituras atuais vão dos romances, aos autobiográficos, banda desenhada, ficção, etc.

Nota: não mencionei livros ligados à Biologia, mas leio-os todos os dias.

*professora

Sobre o autor

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