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Os “galácticos” da pesca à truta estiveram no Côa

Itália obteve 16º título mundial no Sabugal, cujo município pondera criar uma pista de pesca desportiva

Alguns dos melhores pescadores do mundo mediram forças com as trutas do rio Côa, palco, no último fim-de-semana, da XVIª edição do Mundial desta modalidade com isco vivo. No Sabugal, os italianos não deram hipóteses aos adversários e revalidaram um título que não lhes escapa há 16 anos.

Desde a primeira jornada que estes “galácticos” da pesca de correntes, os únicos semi-profissionais em prova, se distanciaram dos restantes pescadores. «Estão a anos luz dos concorrentes. A França bem tenta, mas persegue o título há 15 anos», confirma António Sandiares. O presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Pesca Desportiva, que organiza este Mundial juntamente com a autarquia local e a federação internacional, não esconde que os outros pescadores só estão ali para disputar os lugares que sobram e, sobretudo, aprender com a maestria italiana na arte de tirar trutas.

O material também ajuda. Enquanto os adversários despenderam, em média, cerca de 1.500 euros para serem «mais ou menos competitivos», os italianos gastaram cinco mil. «Por isso é que não dão hipóteses», acrescenta o dirigente.

Neste caso, onde o que importa é a quantidade de peixe pescado, a técnica e a capacidade de entender o rio são os principais requisitos. Mas também muita paciência e nervos de aço, pois a competição decorre sem lugares marcados nos respectivos sectores. «Podem pescar encostados uns aos outros, pelo que é preciso muita preparação para não se ir abaixo caso o pescador do lado tire mais peixe do que o vizinho», refere António Sandiares. No sábado de manhã era vê-los a correr de um lado para o outro na perseguição das esquivas trutas do Côa. Repartidos por cinco sectores ao longo de um quilómetro, entre a ponte da açude e a praia fluvial da cidade, os melhores – os italianos, está bem de ver – tiraram mais de 20 exemplares, imediatamente devolvidas ao rio, uma das características deste Mundial.

Outra é que a competição também pode contribuir para repovoar o rio, já que foram introduzidas três mil trutas fario, a espécie autóctone do Côa. De resto, o responsável federativo elogia as «condições extraordinárias» deste rio, que nasce no concelho raiano, para a prática da modalidade e a sua limpeza, a tal ponto que pode vir a receber uma prova internacional de pesca à pluma. Já Manuel Rito, presidente da autarquia, espera que a competição valorize este recurso turístico e económico. Basta só que os sabugalenses se mentalizem que «o peixe vivo tem mais valor económico do que morto», considera, adiantando que está em estudo a criação de uma pista de pesca no Sabugal. «Mas sem morte, para que o peixe seja de todos», refere.

Participaram na competição as equipas de Portugal, Itália, França, Bulgária, Croácia e Andorra. Segundo a organização, Espanha e Suíça alegaram falta de meios financeiros para vir ao Sabugal. No início, António Sandiares disse a O INTERIOR que a selecção lusa lutava pelo terceiro lugar, porque «melhor era uma ilusão». Contudo, no final do Mundial, os portugueses ficaram-se pela quarta posição, sendo Paulo Carvalho o melhor pescador nacional (17º), com 43 capturas. Noutra “galáxia”, os italianos ocuparam os cinco dos seis primeiros lugares, vencendo a prova Marino Poloniato (110 capturas). Pelo meio, o francês Frank Laffont segurou o quinto lugar. Colectivamente, Itália conseguiu 412 capturas, mais 122 que a França. A formação búlgara completou o pódio desta edição.

Luis Martins

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