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Os frangos da guia

Bilhete Postal

Vem isto a propósito do petisco que são os frangos de churrasco. Quando Deus viu a galinha imaginou-a assando no espeto de pernas abertas. Deus provou e gostou, assim criando os aviários para alimentar os homens. Frango é bicho sem cabeça, sem penas e bem aberto, com as miudezas a cozer numa sopa de cabidela e o resto às voltas no churrasco. Frango na cidade é bicho que só tem coxa ou peitos para bifinhos. Isto de nascer na cidade e não vir ao campo dá meninos que olham boquiabertos para uma galinha. Querem fazer-lhe festas, levar o animal para o quarto e dar-lhe ordens como se fosse um cão. O menino de cidade adora festivais de verão e pensa que os campos se lavram a berros de guitarra ou batidas de bombo. Gritam quando encontram uma aranha, pagam para não ver uma mosca. Mas galinha por depenar já é ecologia e ambientalismo. Entretanto compram frango, ou só coxas do dito, ou churrasco sem cabeça, que julgam que é fruta, ou que vem do mar. Santo Deus. Os frangos são a carne que pôs a Guia no mapa e nos levam lá no verão. A Guia é uma terra de trinta casas com doze restaurantes, todos de frango de churrasco. É a Mealhada das penas mas não tem um monumento ao frango “esbadanado” a assar na grelha.

Por: Diogo Cabrita

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