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Os donos da Universidade

Saliências

Quem paga os salários dos Professores? O dinheiro público. Quem lhes paga mal? O Estado. Os Professores têm muito poucas aulas para dar nas Universidades, mas o mesmo não será verdade para os Politécnicos. É um horário que não pica ponto, que presume o interesse e a dedicação dos mestres à ilustre missão de ensinar, experimentar e investigar. Os Professores Universitários como ganham mal têm necessidade de ampliar o pecúlio mensal distribuindo-se em múltiplas aulas de múltiplos cursos. Assim não picam o ponto e salpicam a confiança. O princípio que presume o interesse parnasiano deles fica obscurecido. Dão aulas simultâneas, em espaços longínquos e não acompanham seus mestrandos, seus educandos, nem seus assistentes. Presume-se que todos cumprem os seus deveres, que afinal ninguém respeita. É uma presunção de confiança floppy (relaxada).

Mas o mais grave é que estes relaxados (não todos, bem se vê) são inversamente vaidosos e presunçosos dos seus territórios. Não se pode mexer nos trabalhos que lhes pertenceram. Não se pode cruzar informação com aquilo que já tocaram. Passou por eles, pertence-lhes. Não o compram, não têm recibo ou contrato de posse, mas ai de quem não venere a legitimidade do seu controlo. Não estão, controlam, decidem, e imperam sem necessidade de prova. Pode estar-se sem investigar, sem publicar, sem gerir quantos anos? Pode-se ocultar o estudo quanto tempo? Eu que adoro o plágio, que respeito a fotocópia, que compreendo os MP3, que deliro com o cruzamento de informação fico surpreendido com esta reverência estranha.

(Este artigo foi traduzido do árabe e não tem qualquer semelhança com o que se passa por cá.)

Por: Diogo Cabrita

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