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Os deputados

Opinião

A antecipação das eleições legislativas, no seguimento da dissolução da Assembleia da República, obriga os partidos a definir nos próximos dias as listas de candidatos a deputados.

Em Castelo Branco as coisas estão perfeitamente definidas quanto aos protagonistas: José Sócrates no PS, agora na qualidade de secretário-geral, e Nuno Morais Sarmento no PSD. Ao actual ministro cabe a tarefa de atacar o socialista. Sarmento vai fazer o papel do mau da fita usando todo o tipo de argumentos para pôr em evidência as fraquezas de Sócrates. Como o actual ministro da Presidência tem na intolerância uma das suas características vamos ter debate acalorado, seguramente.

No distrito da Guarda, uma vez mais, a disputa de lugares vai ser intensa. A falta de líderes dominadores permite uma série de especulações.

Quem for para o Parlamento não se deveria candidatar às autárquicas. Isto é, deveria haver um compromisso junto dos cidadãos em que quem se candidata à Assembleia da República não será candidato nas eleições de Outubro.

No PSD, Ana Manso parte em clara vantagem e apesar dos muitos percalços no seu atribulado percurso deverá encabeçar a lista. Outra possibilidade é o aparecimento de um “paraquedista” imposto pela direcção nacional (o resultado de dois deputados para cada partido é óbvio, pelo que não haverá grandes disputas). A líder laranja quer Couto Paula e Rui Ventura nos lugares seguintes da lista. A ser assim, uma vez mais, Ana Manso passa completamente por cima dos seus detractores. A questão que se tem de colocar é: e será também a deputada a candidatar-se à Câmara da Guarda? Temos direito a este esclarecimento. Já!

No PS o debate sobre nomes também é intenso. O cheiro a poder é um “chamamento” a que muitos não resistem. José Sócrates impõe Joaquim Pina Moura como cabeça-de-lista. Se em 2002 o aparecimento do ex-ministro de Guterres surpreendeu, agora parece natural e consensual para a maioria dos socialistas. Pina Moura é militante em Seia e, apesar de ultimamente não se deixar ver por estas bandas, deverá ser apoiado pela maioria dos socialistas. Em segundo lugar deverá também repetir Fernando Cabral. O líder distrital do PS poderá à última hora deixar o lugar a Maria do Carmo se a autarca da Guarda assim o desejar. O PS estabeleceu que nos três primeiros lugares da lista terá de haver uma mulher. Assim, e se Maria do Carmo não estiver disponível, o PS terá algumas dificuldades em cumprir essa regra. Outra possibilidade seria Rita Mendes, no entanto, a militante de Aguiar da Beira não parece estar interessada por motivos de ordem pessoal e profissional. Por outro lado, se Maria do Carmo aceitar ir em segundo lugar, Fernando Cabral aceitará ser rebaixado para o terceiro lugar? É pouco provável. Teremos pois um fim de ano de intensa luta. De todas formas, parece-me óbvio que se Maria do Carmo não for para a Assembleia da República acabará por ser novamente a candidata à Câmara da Guarda. Como a própria afirmou, quando há um mês a entrevistei: «Continuarei a defender os interesses da Guarda».

Luís Baptista-Martins

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