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«Os “business angels” estão nisto para ganhar dinheiro, não são instituições de caridade»

Cara a Cara – Entrevista

P – Qual a razão desta Associação de Investidores de Capital em Risco na Covilhã?

R – Neste momento, a Covilhã está a apetrechar-se com instituições capazes de a relançar a nível nacional como uma região que vai à frente e que tem ideias quanto ao seu futuro. Têm-se concretizado vários projectos, como o Parkurbis, e portanto esta associação é mais um mecanismo de apoio ao investimento. É um organismo que existe na Europa e que faz falta, porque um dos grandes problemas de Portugal é a falta de empreendedorismo. É mais uma ferramenta para tentar desenvolver a nossa região. Os projectos que podem ser apoiados ou que, eventualmente, interessem aos investidores em risco, mais conhecidos por “business angels” (“anjos do negócio”), não envolverão grandes somas. Muitas vezes são ideias inovadoras, outras podem não o ser, mas têm que ter formas de gestão inovadoras. Não é a associação que investe, mas os associados que têm capacidade em muitos sectores e uma gestão com provas dadas. Desse modo, podem, de alguma maneira, trazer, não só uma parte financeira, mas também uma parte de gestão, de investimento de mercado e todo o seu “know-how”.

P – Para além do apoio financeiro, a experiência e os conhecimentos do mundo empresarial são outras mais-valias oferecidas pelos “business angels”?

R – Claro, mas é bom que fique bem claro que os “business angels” são pessoas que estão nisto para ganhar dinheiro, não são “anjinhos” nem instituições de caridade. Não estamos aqui para substituir a banca. Trata-se de projectos que, pelo seu risco, podem ser altamente problemáticos, mas que, caso esses riscos sejam vencidos, os lucros gerados podem ser muito aliciantes para o promotor e para a pessoa que o apoiar.

P – Quantos empresários integram a Associação de Investidores de Capital de Risco da Covilhã?

R – Neste momento, a associação, que é a quinta no país, tem 18 associados.

P – Tem sido muito procurada desde que foi criada, há pouco mais de um mês?

R – Tem e, curiosamente, por quem tem projectos e também por muita gente que ainda não faz bem ideia do que são os “business angels”. Algumas pessoas até pensam que somos uma extensão de qualquer coisa do Estado, onde temos umas verbas para distribuir ou qualquer coisa do género. Mas não, é uma associação sem fins lucrativos, cujos sócios, ao apoiarem projectos, têm fins lucrativos.

P – Quantos projectos já foram apresentados?

R – Em concreto, três. Destes, um não atraiu o interesse dos investidores, não porque o projecto seja mau, mas porque neste tipo de apoios também é importante um certo conhecimento do sector em causa. É difícil esse projecto vir a ser apoiado se esse sector for um pouco desconhecido de todos.

P – Dos outros dois, algum poderá vir a ser apoiado?

R – Um ainda está numa fase muito embrionária. Já fomos contactados informalmente, mas o projecto ainda não foi apresentado. O outro já está na calha para ver se haverá alguém interessado em apoiar.

P – Que tipo de projectos é que vão apoiar? Será dada prioridade a alguma área de investimento?

R – Pensamos que os projectos mais vocacionados para este tipo de apoio são aqueles em que o risco é determinante, mas que, num pequeno espaço de tempo, pode gerar mais-valias e lucros importantes. Não será dada prioridade a nenhuma área, apoiaremos projectos que possam dar dinheiro, ponto final.

P – Mas poderão apoiar a abertura de um restaurante ou de uma pizzaria, por exemplo?

R – Porque não? Os eventuais financiadores é que têm que ver se isso lhes interessa ou não. Nada é excluído à partida.

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