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Os alimentos “comunicam” connosco?

mitocôndrias e quasares

Numa primeira reflexão acerca do título deste artigo surge logo uma série de dúvidas e questões acerca da possibilidade da comunicação com alimentos. Existirá mesmo esta comunicação homem – alimento? E, existindo esta comunicação com se processará?

Segundo investigadores da Universidade de Leeds, nos primeiros segundos em que se trinca uma comida estaladiça são gerados enormes estouros de ultra-sons. Os ultra-sons são ondas sonoras com valores de frequência superiores aos valores audíveis pelos seres humanos, desta forma estes sons não são audíveis pelos humanos.

O físico alimentar Malcolm Povey afirma que “A comida está, de facto, a falar connosco, e nós compreendemos de modo inato o que ela diz acerca da textura ao interpretar as sensações através dos nossos ouvidos a da nossa boca.”

Recorrendo à utilização de um microfone, um microscópio acústico, um software próprio e de um conjunto variado de bolachas, e uma porção de diferentes bolachas, Malcolm Povey apercebeu-se que a energia produzida na primeira trinca é libertada na forma de impulsos de ultra-sons distintos. Estes impulsos têm a duração de microssegundos e são gerados a níveis de frequência normalmente associados com morcegos, baleias e golfinhos na sua procura e localização.

A descoberta destes impulsos pode ser fundamental para a indústria alimentar na busca da textura estaladiça perfeita. Actualmente, as empresas para realizar esta prospecção recorrem a voluntários que desempenham um papel fundamental nos esforços dos fabricantes em relação à consistência dos produtos e ao controle de qualidade em termos da criação da textura perfeita para o produto.

À analise segue-se a construção de uma escala de relação entre o número de picos e as propriedades estaladiças das bolachas. Assim, segundo afirma Povey: “Quantos mais picos, mais estaladiço é – é tão simples quanto isso”. Esta relação entre a comida estaladiça e os picos sonoros possibilita uma análise de textura barata, quantificável e exacta que assegurará a consistência absoluta do produto.

Por outro lado, a investigação acrescenta uma nova conclusão acerca do carácter extremamente exacto da análise feita pela boca. Os resultados dos testes mostram uma relação muito forte entre os resultados medidos mecanicamente pelos profissionais de provas, a trabalhar na indústria alimentar, e entre os voluntários.

Terá sido a “comunicação” entre o homem e o alimento que conduziu à reorganização que a Roda dos Alimentos sofreu?!

A Roda dos Alimentos Portuguesa foi criada em 1977 para a Campanha de Educação Alimentar ” Saber comer é saber viver”

A nova Roda dos Alimentos mantém o seu formato original, pois é facilmente associada ao prato utilizado. A Roda dos Alimentos é uma imagem ou representação gráfica que ajuda a escolher e a combinar os alimentos que deverão fazer parte da nossa alimentação diária, estando representados os diversos alimentos em vários grupos. A evolução dos conhecimentos científicos e a alteração dos hábitos alimentares conduziram a uma reorganização da “Roda dos Alimentos”. Esta nova Roda dos Alimentos é composta por 7 grupos de alimentos de diferentes dimensões, os quais indicam proporções de peso com que cada um deles deve estar presente na alimentação diária. A água, que anteriormente não estava representada, passa agora a ocupar uma posição central uma vez que, para além de fazer parte da constituição de quase todos os alimentos, é imprescindível à vida, podendo a seu consumo variar entre 1,5 a 3 litros por dia.

Seria interessante que esta comunicação acontecesse ao nível dos nutrientes, assim sempre que ingeríssemos um alimento, este podia dizer-nos a quantidade de gorduras que possuía, facilitando a dieta de muitos indivíduos…

Por: António Costa

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