O governo dos abajurs tem uma incandescência, provoca uma luz sobre os restantes, um processo de vislumbre, um modo de fantasia. Os abajurs governam por televisão, exibem seus brilhos e tornam suas luminárias sugestões em epifanias. Notável é saber que os abajurs de vidro pouco mais são que enfeites da luz. Portugal, e porque não o mundo financeiro, é governado há décadas por gente sem escrúpulos, sem objectivos, sem planos estratégicos, para além dos seus bolsos rotos, que nunca acabam de se encher. O pecado da ganância. Há muitos abajurs a governar instituições que são apenas a história de um halógeno ou de um xénon a perturbar o silêncio da noite, são a imposição de um caminho que é a sua teimosia. As pessoas xénon brilham mais que as halógeno, mas ambas têm seus abajours de vidro que as impedem de dar exemplos. Um conteúdo só de luz, que não tem matéria, não tem representação palpável, tudo o que faz além da luz é nada. Assim, sem o exemplo da sua performance e do seu trabalho, o abajurs exibe um conjunto de coisas que resplandecem, decorando o ambiente com inutilidades e brilhos ofuscantes que não transportam caminhos consistentes. Este é o pecado original do problema financeiro e da governação de muitas instituições. A gestão por produtos xénon levou todos à bancarrota.
Por: Diogo Cabrita