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Orquestra da Guarda encheu de música a Misericórdia

Camerata Ensemble da Guarda é o primeiro projecto do género a nascer numa cidade do interior

A Igreja da Misericórdia encheu-se de música e de muitas pessoas na noite da última segunda-feira para assistir à estreia da Camerata Ensemble da Guarda, formada no âmbito da Associação Músika-Músikos. Sob a direcção artística de Gustavo Delgado, músico argentino radicado na Guarda, e musical do cubano Roberto Valdês, esta formação clássica contou ainda com a participação de onze músicos profissionais de reconhecida qualidade.

«A sala estava cheia, as pessoas aderiram em massa, logo o concerto foi muito bom», confessa, empolgado, Gustavo Delgado. Com a criação da Músika-Músikos nasceu o primeiro projecto de música erudita, na Guarda, que tem como principal objectivo a criação de uma orquestra de cordas «para já», explica o músico, para quem existe a possibilidade dessa formação vir a ser uma orquestra clássica no futuro. Até porque a Guarda é um distrito que «não tem nada do género», constata Gustavo Delgado, acrescentando que «há muita receptividade local para que o projecto funcione». Trata-se de uma iniciativa pioneira na cidade e na região e que ofereceu um repertório de música erudita dirigido «a todos os públicos», garante Gustavo Delgado. Apesar da «grande expectativa» que rodeou o recital, depois do espectáculo, o músico acredita que este vai ser um projecto com «futuro promissor». Sendo o único instrumentista de cordas na Guarda, outra das finalidades da associação é «fixar algumas pessoas a nível profissional», refere. Nesse sentido, este primeiro espectáculo contou com a participação de onze músicos profissionais de várias nacionalidades. Uma «mistura muito benéfica para a música, como para qualquer arte», garante Gustavo Delgado.

Neste momento a Camerata Ensemble da Guarda é constituída por doze elementos: Roberto Valdês, Konstantin Chakarov, Pedro Norberto e Francisca Machado (primeiros violinos); Gustavo Delgado, Pedro Macedo e Hugo Rodrigues (segundos violinos); Michel Torres e Gian Marco Sanna (violas d’arco); Luís Cavallero e Francisco Dias (violoncelo); e Nelson Fernandes (contrabaixo). Uma formação de base que não está fechada e poderá «aumentar ou diminuir de acordo com o repertório e programação escolhidos», indica o director artístico. A Camerata Ensemble da Guarda é um grupo «muito coeso», que encara a música da mesma forma e com a mesma vontade, «chegando a ser, por vezes, utópico», sublinha Gustavo Delgado. É também uma forma de «romper com alguns preconceitos» e envolver toda a comunidade. Ao programa deste primeiro concerto estiveram peças de vários compositores clássicos, como Mozart ou Bach, mas também alguns temas mais contemporâneos, nomeadamente de Benjamin Britten. Aliás, este último foi um dos autores que «mais prazer deu tocar», confessa o violinista, por ser uma sinfonia simples que se torna complexa pelos jogos rítmicos. Interessante foi também o duelo musical com o outro solista, Roberto Valdés: «Foi um momento especial. Somos grandes amigos, estudámos juntos no estrangeiro e reencontrámo-nos há uns anos em Portugal», revela. A Camerata Ensemble poderá regressar às actuações na cidade possivelmente em Julho, enquanto se perspectivam já outros concertos no país e mesmo no estrangeiro.

Patrícia Correia

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