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O Estado lança o seu maior ataque à classe média por razões que se prendem com a maior das desorganizações e a maior das ineficiências. Portugal acorda para um cenário de descida dos salários e subida dos custos. Vamos perder qualidade de vida, vamos perder algumas regalias e vamos deixar de cumprir com muitas obrigações. A este despertar no pesadelo podemos responder não cumprindo, não regularizando, não pagando, não entregando papéis. A acção não violenta que, como a mancha de óleo, marcaria o mar administrativo. Se ninguém pagar as portagens das SCUT não há tribunais para todos os processos. Mas esta massa não existe no fermento português: os daqui fazem filas para encontrar os sinalizadores pagadores.

Organizar a resistência seria um acto de intensa bravura que podia caber a gente militante, altruísta e rebelde, mas também essa farinha não vem neste bolo. O segredo do erro anterior foi também o da desorganização pela incompetência. Dezenas de pessoas foram sendo promovidas e descobriram lugares onde a lei não lhes permitia fazer nada ou o que faziam era destruído por uns infames servidores das inspecções e fiscalizações, e os marmanjos e outros nefandos bandidos perpetuaram sua preguiça. Sempre sem planos estratégicos, sempre sem discutir com quem sabe, sempre sem exigência de resultados, sempre sem verificação da verdade mantiveram em gestão milhares de candeeiros de luz negra. São pessoas convictas de terem descobertos sós a verdade e terem desenhado sós o caminho a traçar. E não há nada novo, e não há nada absolutamente único, apenas a estupidez e a ignorância. E assim os que “desorganizados mandaram” formam agora a torrente de medidas que os que “não somos capazes de organizar-nos” vamos comer sem rebuço.

Por: Diogo Cabrita

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