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Orçamento de 30,2 milhões da Câmara da Guarda aprovado

PS criticou estratégia «assente em festas», mas a maioria recordou que a autarquia está em processo de saneamento financeiro

Sem surpresas, os votos da maioria PSD-CDS/PP na Assembleia Municipal bastaram para aprovar o Orçamento de mais de 30,2 milhões de euros da Câmara da Guarda para 2015. Os documentos previsionais passaram com 49 votos a favor, nove abstenções e 13 votos contra de deputados do PS, BE e CDU.

No debate que antecedeu a votação, Álvaro Amaro desafiou a oposição para «um pacto» em torno deste Orçamento e das Grandes Opções do Plano apelando à «participação responsável de todos e de todas as forças políticas», isto porque, «ao contrário de há um ano, agora conhecemos bem melhor as dificuldades que o município da Guarda tem de vencer». O autarca sustentou tratar-se de «um Orçamento realista, de rigor, mas de uma autarquia que está em processo de saneamento financeiro». E destacou que, no próximo ano, vai iniciar-se «um novo ciclo» de relacionamento com as Juntas de Freguesia rurais através da transferência de competências, «além de continuarmos a apostar na economia e no estímulo às empresas». O edil destacou também a elaboração, entre janeiro e junho, de um Plano Municipal de Educação e o alargamento das refeições escolares a mais 136 alunos do primeiro ciclo do ensino básico da cidade.

Bruno Andrade (BE) foi o primeiro a intervir para notar a ausência do prometido Orçamento participativo nestes documentos previsionais. Por sua vez, o socialista João Pedro Borges lembrou que é o Orçamento «mais baixo dos últimos anos» e registou a «grande redução» da receita. «É um documento limitado em muitas rubricas e deixa transparecer que a estratégia de desenvolvimento do concelho assenta na realização de festas», criticou o deputado da oposição, que lamentou os 4,2 milhões destinados às funções económicas em 2015. Pelo contrário, João Pedro Borges elencou os 650 mil euros previstos para a próxima Feira Ibérica de Turismo (FIT) – que terá 225 mil euros – e para promoção da marca Serra da Estrela, enquanto as associações terão direito a 220 mil euros. «O PS vota contra este Orçamento porque o previsto são atividades não estruturantes», afirmou João Pedro Borges.

Carlos Canhoto (CDU) deitou mais “achas para a fogueira” ao recear que algumas das rubricas «não passem de retórica». É o caso do Plano Municipal de Educação, que disse tratar-se do «primeiro passo para a municipalização e posterior privatização dos serviços». O eleito também criticou a reduzida dotação (2.000 euros) para a certificação do ar da Guarda e os «míseros» 4.500 euros para a agricultura. «É com isto que a Câmara pretende promover os produtos agrícolas do concelho», ironizou Carlos Canhoto, que também se disse «chocado» com a redução das verbas para a programação cultural, cerca de 400 mil euros. Da bancada da maioria, António Júlio Aguiar foi o primeiro a sair em defesa do executivo ao sublinhar que este é o Orçamento «possível e exequível», tendo realçado que é de «extrema importância estagnar a dívida financeira» da Câmara. «Não há tempo para manobras ou malabarismos financeiros», acrescentou o social-democrata. Já Pedro Nobre (PSD) também considerou que «não haverá Orçamento mais realista do que este», após lembrar as «reduzidíssimas taxas de execução» dos Orçamentos dos executivos socialistas.

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