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Opiniões

Corta!

Por vezes, na selecção feita por cada um de nós, dos filmes a ver, quando, semana a semana, a quantidade de filmes estreados se vai acumulando, sem tempo para os ver todos, a opinião dos críticos conta mesmo. O Corta! esta semana seguiu algumas dessas opiniões. Sem o interesse despertado, e simpatia gerada nalguma critica, seriam talvez filmes que acabariam esquecidos, ou adiados para futuro incerto.

Com um título tão pouco, ou nada, convidativo, A Casa de Los Babys, somente com a leitura repetida de criticas favoráveis, mereceu uma oportunidade. Fartas de esperar, na lenta burocracia do seu pais, meia-dúzia de norte-americanas decide tentar a sua sorte na adopção de um filho no México. Oportunidade para nos serem mostrados os vários pontos de tal questão. As rivalidades e personalidades de cada uma das futuras mães. As dificuldades das mães mexicanas, e dos órfãos que abundam, sem alguém que os proteja, nas cidades mexicanas. E até a politica entra por aqui adentro. Todos os lados são explorados. Todos mesmo. Narrativamente pouco acontece ao longo do filme, todo ele feito para que o texto sobressaia e as actrizes brilhem, cada uma com direito ao seu momento particular. Num elenco que conta com Marcia Gay Harden, Daryl Hannah, Mary Steenburgen e Rita Moreno, entre outras, esse brilho nem se torna difícil de acontecer. Ignorem o título, vejam o filme.

Tudo bem, o nome de Soderbergh (Sexo, Mentiras e Vídeo, Kafka e Ocean’s Eleven) anda por lá metido no meio da equipa de produção, mas isso certamente não chegaria para ir ver Colete de Forças. Algo no seu embrulho nos remete para um daqueles filmes que poluem os clubes de vídeo e apenas servem para entreter quando nada, mas mesmo nada, há para fazer. E, no entanto, tentem juntar pitadas iguais de Voando Sobre Um Ninho de Cucos, Memento, BZ – Viagem Alucinante e O Cubo, misturem tudo muito bem, temperem com algumas drogas e uma pitada de modernidade, e obtêm um resultado próximo do que é este filme. Recuando até aos inícios da década de 90, em plena guerra do Golfo, um soldado é dado como morto. Essa não será, na verdade, a primeira vez que irá morrer. Estranho? Não é nada ainda. Por entre uma memória de pouca confiança e uma ida para um hospital psiquiátrico, o tal soldado (num papel desequilibrado de Adrian Brody) entrará numa experiência que o levará a viagens ao futuro e mais não se pode dizer sem que, com isso, se façam desaparecer algumas das surpresas que o filme encerra. Este The Jacket – Colete de Forças é uma daqueles filmes que, vindo bem do meio do mainstream, tenta alterar as suas regras, acrescentando novas formas de contar uma história, com um arrojo visual e narrativo a ter em conta. Nota positiva.

Brevemente

Quando, há alguns anos atrás, foi anunciada a adaptação de As Horas, de Michael Cunningham, para o cinema, quase todos os que tinham lido o livro gritaram «impossível!». Era realmente difícil de imaginar tal livro transformado em imagens. O resultado foi muito para além do suficiente, e o filme não ficou nada atrás do fabuloso livro. Agora está prestes a estrear outra adaptação de um livro do mesmo autor. Aparentemente mais fácil de ser transporto para o palco cinematográfico, as primeiras imagens que chegam de Uma Casa no Fim do Mundo são, no entanto, pouco esperançosas de que o mesmo se verifique. A confirmar em breve, com a ligeira esperança que aquilo que já se pode ver não seja assim tão representativo do todo que aí vem.

Por: Hugo Sousa

cinecorta@hotmail.com

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