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Onde vai parar a Feira de S. Tiago?

Já foi um certame emblemático da cidade, mas hoje está reduzido a apenas quatro dias

Na memória dos covilhanenses, pelo menos dos mais antigos, ainda está o esplendor da Feira de S. Tiago, que já foi um dos acontecimentos mais importantes da região. Longe vão os tempos em que o certame durava um mês. Com o passar dos anos, e à semelhança de muitas outras feiras do país, o evento tem vindo a perder notoriedade e este ano durou apenas quatro dias.

Mónica Trindade, covilhanense de gema, tem apenas 24 anos, mas guarda lembranças dos tempos áureos do S. Tiago. «Era um dos eventos mais esperados do ano na cidade», recorda. O pai, comerciante, chegou a expor no certame anos a fio, numa altura em que a feira trazia à cidade «espectáculos musicais de grande dimensão». Hoje, a jovem acredita que as proporções da Feira de S. Tiago não passam de «uma insignificante amostra do passado» e considera que o evento perdeu parte da sua identidade. «Pobre» e sem a «essência de outros tempos», é assim que Mónica Trindade vê hoje o certame, acrescentando que este não passa de «um “tapa olhos” aos covilhanenses, porque perdeu a magia de outrora e parece que ninguém está empenhado em tomar medidas em contrário». Mónica Xavier, de 23 anos, é natural de Viana do Castelo, mas contactou com a feira durante alguns anos, quando era estudante na UBI. Actualmente trabalha na Guarda e “O Interior” encontrou-a no S. Tiago. «Não vim de propósito», apressa-se em esclarecer, «vim rever alguns amigos e aproveitei para dar cá um salto». Então e a feira? «É interessante que se faça junto ao Jardim do Lago», considera, admitindo logo haver falta de animação: «Seria importante que se fizessem concertos para os jovens e bailaricos para as gerações mais velhas», sugere.

A vida não tem é estado fácil para os comerciantes. A estadia na Covilhã não trouxe grandes lucros e, no caso de Neuza Nogueira, chegou a dar um prejuízo, já contabilizado em cerca de 500 euros. O preço elevado do aluguer do espaço à autarquia e à ANIL foi uma das queixas mais comuns à quase totalidade dos feirantes. A falta de condições e de um espaço definitivo para a feira seguem-se na lista de críticas, mas também a crise. «Até esteve por cá muita gente, mas as pessoas não querem gastar dinheiro, limitam-se a passear e a observar», lamenta-se Carlos Custódio, que já vem vender à Covilhã há quase 40 anos. Para Neuza Nogueira, que veio do Porto, as feiras tendem a acabar «se ninguém se empenhar na causa. Sinto que ninguém se preocupou em fazer uma coisa engraçada, este ano nem houve variedades e conjuntos a tocar, isso traz mais gente e uma nova animação».

Organização da Covifeira diz que aumento de visitantes foi «notório»

A edição de 2005 da Covifeira – Feira Industrial e Comercial da Covilhã terminou no passado domingo e a organização do certame, que resultou de uma parceria entre a autarquia e a ANIL, garante que terão passado pelo evento cerca de 18.000 visitantes, o que representa um acréscimo «significativo» em relação às edições anteriores. A chave deste sucesso terá passado pela maior interligação com a Feira de S.Tiago e pela ideia inédita de proporcionar a entrada gratuita aos visitantes. Os passeios a cavalo, promovidos pela GNR, a criação do “Espaço Vida & Saúde”, que permitiu aos visitantes a possibilidade de fazer rastreios de saúde gratuitos, e uma passagem de penteados, a cargo do Centro de Formação de Cabeleireiros e Esteticismo de Castelo Branco, constituíram, segundo a organização, os momentos mais altos da Covifeira deste ano. No Jardim do Lago, por iniciativa da Nevegás, patrocinadora oficial do certame, os visitantes tiveram ainda a oportunidade de experimentar uma subida em balão de ar quente. Deste modo, a ANIL garante que a Covifeira «continua a ser uma das feiras com mais impacto na região».

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