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Onde pára o protocolo do Grupo de Missão?

PSD quis conhecer proposta de protocolo para terreno do novo hospital, mas Maria do Carmo recusou invocando que o documento tinha sido entregue «particularmente»

O executivo guardense passou uma esponja sobre os acontecimentos da penúltima sessão de Câmara, adiada por falta de quorum, mas contribuiu quarta-feira para a polémica do terreno para o novo hospital. Ana Manso considerou que já há uma decisão «política» quanto ao nó do Torrão e estranhou que Maria do Carmo não tenha apresentado o protocolo entregue pelo Grupo de Missão na última reunião de Câmara. Mas a presidente contra-atacou e disse que a autarquia não devia comprar o terreno «sem antes lhe provarem que é tecnicamente o melhor». Retórica à parte, o consenso político nesta matéria continua longe de estar garantido. Maria do Carmo, que voltou a escrever ao ministro da Saúde, começou por dar conta aos presentes – o executivo no seu todo, coisa rara desde o início deste mandato – do teor da recente reunião com Jorge Abreu Simões, presidente do Grupo de Missão para as Parcerias Público-Privadas, da entrega do protocolo e explicou por que é que solicitou a reavaliação da opção ex-cerca do sanatório (ver última edição), agora remetida com as distâncias corrigidas em relação à Viceg e à Avenida Rainha D. Amélia. Não sem antes acrescentar que o terreno do Torrão representa uma «despesa acrescida significativa» para os cofres do município, responsável pela sua infraestruturação: «Só o acesso é meio quilómetro», revelou a presidente, que já estima em um milhão de contos o preço do local desejado pelo Ministério da Saúde. Ao que a vereadora do PSD respondeu que a decisão política já tinha sido tomada «na base de um parecer técnico», acusando a presidente de «manobras» para adiar a decisão. Manso estranhou mesmo que referido protocolo não constasse da agenda da reunião: «Há um documento oficial e uma decisão. Desafio-a a deixar-se de complicações políticas para fazermos do hospital uma causa para a Guarda», instigou, apoiada em Crespo de Carvalho que requereu de imediato a proposta de protocolo para ser discutida na reunião.

«Isto é claramente um bloqueio à construção do novo hospital», sentenciou o vereador social-democrata. Mas ainda hoje deve estar à espera do documento, bem como do telefonema de Jorge Abreu Simões, para quem Maria do Carmo, num golpe de teatro, mandou de imediato telefonar. Ao que se sabe, a ligação também não foi conseguida durante essa tarde. Quanto ao protocolo, Maria do Carmo esclareceu uma oposição incrédula que o documento lhe tinha sido entregue «particularmente e não por via oficial». Por isso, a autarca escusou-se a revelar o seu teor e desafiou Ana Manso a encontrar um terreno adequado «onde a Câmara não tenha que gastar um milhão de contos para concretizar o novo hospital». Este diálogo de surdos terminou com Ana Manso a recordar não ter sido ela quem prometeu, «à revelia deste executivo», a aquisição do terreno. «Tivesse pensado antes nessas condicionantes», concluiu.

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