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Obviamente, continuar

A minha curta, mas válida, experiência como deputado municipal de Vila Nova de Foz Côa neste mandato fez-me desenvolver este texto que, quanto à mística, é igual ao bisturi que remove o tumor, à luz pura que afasta as trevas e traz a claridade, e o mesmo que a palavra não pronunciada que descortina a tão subtil, e afinal tão simples, verdade.

(…)

Por isso – e para isso – convido o estimado leitor fozcoense a entrar na máquina do tempo e recuar até ao dia 9 de outubro de 2005, dia da célebre mudança a que adjetivaram de necessária! E porquê este convite espacial? Tão somente para recordar a experiência menos conseguida dos socialistas locais que no último mandato comandaram o destino de Foz Côa e que agora, com o aproximar de um novo ato eleitoral, julgando o eleitorado acéfalo e ingénuo pretendem apenas camuflar e fazer esquecer esse hiato governativo com intervenções quantas vezes obtusas de argumentos e ao arrepio do mais elementar bom senso. O mais importante, pensam eles, não é a nudez forte da verdade, mas como dizia o Eça, «o manto diáfano da fantasia».

Em quase todas as reuniões, submetendo violentamente a Assembleia Municipal a autênticas maratonas temporais, repetidas vezes chamam a si a autoria dos projetos das obras em curso, como se o atual presidente não tivesse já larga experiência governativa e empresarial; como se o PSD concelhio não tivesse mentes iluminadas capazes de fazerem algo de positivo para a comunidade, ignorando, propositadamente, que foi com o PSD local que Foz Côa passou de um concelho terceiro-mundista à legítima modernidade, envolvido por idílicas condições vivenciais.

Ao invés, os atuais opositores, os que em todas as reuniões crucificam o atual edil e oferecem à AM como aperitivo para o almoço longos e torturantes discursos, esses, depois de terem feito o mais difícil, ao ganharem direito ao prestígio e ao respeito daqueles que os elegeram, não souberam segurar esses valores e usá-los da maneira em que que podiam ser úteis – como fizeram e fazem aqueles que agora querem destronar – e foram caminhando vertiginosamente para o descrédito e criando uma imagem bem dolorosa de desajeito, inconvicção e incoerência, perdendo, obviamente, a confiança do povo.

É claro que todos compreendemos este comportamento. É claro que estão ávidos de poder e por isso pretendem repetir a experiência, desta feita, com um líder timbrado com uma superior experiência administrativa e uma posição social elevada. Mas quem não aprende com os erros sujeita-se a cair para não mais se levantar. O atual Governo, que prima pela coragem, não temendo perder as próximas eleições, sacrificando direitos até agora indiscutíveis, procura a todo o custo respeitar os compromissos com a troika em nome de uma pátria cumpridora e honrada. Para tal, entre outras medidas, terá que haver cortes nas despesas com a administração pública o que, compreensivelmente, leva ao encerramento de alguns serviços públicos, salvaguardando sempre a população atingida com alternativas viáveis. Sair da crise é uma luta coletiva, das famílias, das empresas, das instituições financeiras, do Estado, das instituições europeias e até mundiais.

E numa altura em que todos esperamos união e determinação para levar a Nação para a frente, eis que surge o PS, por todos os cantos do país, a apresentar moções de censura contra todas as medidas que visem a redução dessas despesas, como se não fossem eles os responsáveis máximos pela situação dramática que o país atravessa; como se não fossem eles os principais outorgantes do acordo de assistência financeira. O bode expiatório para se manterem válidos e visíveis é esgrimir contra os atuais governantes como sendo eles a caixa de Pandora, onde cabem todos os males de que padecemos, criando assim desculpas esfarrapadas para esconderem as suas próprias culpas!

É do conhecimento de todos os fozcoenses que o atual edil – Gustavo Duarte – recebeu pesada herança e uma casa desarrumada.

Íntegro e profundo conhecedor das linhas com que se cose uma autarquia, depressa a recolocou com a funcionalidade a que estávamos habituados. Além disso, tem agido sempre norteado por uma apurada noção de serviço público, o que o tem levado em todos os momentos a defender aquilo que considera ser o melhor para Foz Côa e a colocar os interesses coletivos acima de quaisquer outros. Ninguém tem a veleidade de por em causa a probidade, a paixão e a energia com que exerce as suas funções. Por isso, os eleitores do concelho, na sua sublime sabedoria e unidos num sentimento profundo de justiça, dar-lhe-ão a continuidade no poder, dando força à ideia, numa expressão em voga no desporto, “equipa que ganha não se mexe”.

O importante, agora, é olhar em frente, assumindo que um novo ciclo político desponta em breve no horizonte com projetos estruturais no terreno que nos permitem estar esperançados no futuro do concelho, norteado, desta feita, pelo fulcral lema “Há mais Foz Côa para além da sede do concelho”.

José Augusto Fonseca, Vila Nova de Foz Côa

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