Os trabalhos do Plano de Acções do Programa Aldeias Históricas em Trancoso deverão começar dentro em breve, adiantou a “O Interior”, o autarca Júlio Sarmento. Cerca de dois milhões e meio de euros (500 mil contos) é a verba de que a vila de Bandarra dispõe para ficar mais atractiva.
Na altura da pré-apresentação da intervenção, em Dezembro de 2003, Gonçalo Byrne, arquitecto responsável, realçou que «aumentar o tempo de permanência dos visitantes é fundamental no turismo cultural», vertente na qual Trancoso tem um grande potencial, considerou. «É fundamental que os pontos a visitar não sejam visitados instantaneamente», ou seja, é preciso criar condições e estímulos para que os turistas sintam vontade em permanecer na vila. O Plano de Acções do Programa Aldeias Históricas é tido como uma «oportunidade» para se fazer um «investimento interessante numa requalificação urbana que visa fundamentalmente valorizar e tornar mais visível» uma herança histórica «riquíssima» e que «felizmente chegou até nós em bom estado», sublinhou Byrne. Entre as várias propostas apresentadas, contam-se a recuperação das fachadas, vãos e limpeza de pinturas nas Portas d’El Rei, que marcam a entrada para o centro histórico. Outro objectivo para esta mesma zona é a adopção de regras de valorização das fachadas e a tentativa de «redução dos elementos descaracterizadores», como publicidades, aparelhos de ar condicionado ou antenas. Desta forma, na Rua da Corredoura e noutras artérias serão feitas algumas intervenções que «visam renovar as infraestruturas enterradas», já que existem algumas estruturas aéreas, como cabos de telefones, que podem «perfeitamente» funcionar enterrados.
A Rua dos Cavaleiros, «uma das estruturas medievais mais importantes da vila», vai ser valorizada através de «operações que ainda não estão muito estudadas», mas que visam essencialmente «dar visibilidade» à construção medieval daquela artéria. A definição de percursos pedonais que contemplem passagens pelas zonas consideradas «mais importantes» do ponto de vista da visita é outra possibilidade. Também a criação de um museu-posto de informação turística no edifício actualmente ocupado pela GNR é outro dos projectos previstos. Trata-se de um centro interpretativo da história de Trancoso, onde serão fornecidas informações e roteiros possíveis aos visitantes. Entre as diferentes valências do futuro museu contam-se uma galeria de exposições, um pequeno centro artístico, um pequeno auditório, para além de uma biblioteca e de uma loja com produtos ligados aos museus. Os trabalhos vão ter lugar no «núcleo fundamental» de Trancoso que deverá «ganhar valências de permanência de umas largas horas e não de uma visita rápida», desejou. Previstas estão também a requalificação do palácio de Trancoso, como eventual unidade hoteleira, e a revalorização da judiaria. Dos 2,5 milhões de euros, cerca de 500 mil vão ser gastos pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) no Castelo de Trancoso, estando programadas a revalorização e revitalização de toda a zona da porta de entrada. No interior proceder-se-á à requalificação do espaço, uma actividade que será acompanhada por um trabalho de prospecção arqueológica.