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Obras começam no Hospital Sousa Martins após 20 anos de espera

Edifício novo, com mais de 25 mil metros quadrados, vai ser construído na zona do actual parque de estacionamento

A requalificação e ampliação do Hospital Sousa Martins vai finalmente arrancar após 20 anos de espera. Ciente da «importância e significado» da obra, o primeiro-ministro veio à Guarda lançar a primeira pedra de uma empreitada orçada em 40 milhões de euros. Mas na passada sexta-feira ficou também a saber-se que a segunda fase do projecto, num investimento de cerca de 30 milhões, deverá ser lançada até ao final do ano. «Os projectos estão feitos, é só avançar para os concursos», anunciou Fernando Girão, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS).

Nem a pequena manifestação das estruturas sindicais do distrito – estrategicamente afastada do local da cerimónia – ofuscou este dia histórico. «Os guardenses tiveram muita paciência durante os 20 anos que esperaram pelas obras do hospital», reconheceu José Sócrates, quatro anos e três meses depois de ter prometido concretizar «a requalificação do hospital» durante a campanha para as legislativas de 2005. «A obra vai fazer-se porque é uma questão de justiça e também uma homenagem aos profissionais desta unidade que nunca desistiram. Nem eu nem o Estado somos merecedores de agradecimentos, pois apenas se cumpre aquilo que é um dever para com o distrito e para com a Guarda», considerou o chefe do Governo, aplaudido efusivamente pelas centenas de populares e profissionais de saúde que assistiram à cerimónia. «Sei a importância e o significado desta obra», prosseguiu o primeiro-ministro, recordando que já se falava dela quando iniciou a sua carreira política, em 1987, após ter sido eleito deputado pelo círculo de Castelo Branco. E acrescentou: «Espero não me reformar da política sem que esteja construída».

Coincidência ou não, antes, a ministra da Saúde tinha pedido ao consórcio vencedor que não deixasse arrastar os trabalhos: «Cumprimos a promessa de que a obra chegaria no primeiro semestre deste ano. Há agora também que cumprir os prazos de construção”, recomendou Ana Jorge. A governante considerou ainda que o «novo» hospital terá outras condições para prestar cuidados de saúde «mais modernos» aos cerca de 160 mil residentes na sua área de abrangência, contribuindo também para fixar profissionais. Por sua vez, Joaquim Valente recordou que o Estado tinha «esta dívida para com a Guarda», concluindo que «quando se acredita e há determinação, a obra faz-se». O presidente da Câmara agradeceu também o «empenho pessoal» de Sócrates na concretização da obra, lembrando que o primeiro-ministro «esteve acompanhou sempre o projecto».

Adjudicada ao consórcio Hagen/Edifer, a primeira fase da empreitada vai ocupar as traseiras da igreja do Sousa Martins e o actual parque de estacionamento. Consiste na construção de um novo edifício com uma área total de mais de 25 mil metros quadrados. O prazo de execução é de 22 meses. Nesta ala funcionarão a Urgência geral, a Imagiologia, as consultas externas e exames especiais, além das unidades de cirurgia de internamento, bloco operatório, laboratórios, Unidade de Cuidados Intensivos e de cuidados intermédios.

70 milhões para mudar hospital

A segunda fase da intervenção no Hospital Sousa Martins contempla a remodelação dos actuais edifícios e será lançada até ao final do ano, segundo anunciou Fernando Girão, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, na passada sexta-feira.

O projecto de arquitectura apresentado em Novembro passado coloca o internamento no edifício mais antigo do hospital guardense. Já o pavilhão mais recente, concluído no início da década de 90, será totalmente remodelado para receber a actividade de ambulatório, funcionando noutra ala a Neonatologia, Pediatria e, no piso térreo, as Urgências de Obstetrícia, Ginecologia e Pediátrica. Os edifícios mais antigos, cuja adaptação custará cerca de 30 milhões de euros, ficarão ligados ao novo imóvel nas zona das actuais Urgências. Haverá ainda um parque de estacionamento subterrâneo com 700 lugares.

A empreitada global deverá custar perto de 70 milhões de euros, sendo que a área bruta total da unidade requalificada será da ordem dos 76 mil metros quadrados. O futuro Sousa Martins terá 266 camas, menos 51 que as 317 actualmente disponíveis, de acordo com o programa funcional da unidade.

Pavilhões centenários vão acolher “cluster” bioclimático

Joaquim Valente revelou que os pavilhões centenários Rainha D. Amélia e D. António de Lencastre do antigo Sanatório vão ser recuperados no âmbito da requalificação do Sousa Martins e adaptados a novas funcionalidades.

O primeiro acolherá um centro de investigação e inovação em Saúde, na vertente de Ambiente, um laboratório de certificação e monitorização da qualidade do ar e o pólo da Guarda do Museu da Saúde, «aproveitando o vastíssimo património que ainda existe do Sanatório», disse o presidente da Câmara da Guarda. De acordo com a documentação distribuída aos jornalistas na passada sexta-feira, o centro de investigação estará vocacionada para o estudo de microbactérias, de genomas microbianos, de antibióticos e de alergias, além de «descobrir e desenvolver novos antibióticos». No laboratório serão monitorizados os indicadores da qualidade do ar da cidade, mas também em todo o território nacional.

O segundo imóvel deverá acolher uma clínica privada vocacionada para o turismo ambiental e de saúde, mas especialmente direccionada para o tratamento de doenças do foro respiratório. Com estes dois projectos, a administração da ULS da Guarda e o município tencionam implementar no Parque da Saúde um «“cluster” bioclimático».

PSD pergunta pelo «hospital novo»

A distrital do PSD lamentou que «ninguém tivesse convidado os autarcas» para a cerimónia de lançamento da primeira fase da obra do hospital. Em comunicado divulgado no sábado, os sociais-democratas esclarecem que só foram «informados» da presença da ministra da Saúde, pelo que «alguns» estiveram presentes – na plateia, O INTERIOR viu Álvaro Amaro, edil de Gouveia, e António Edmundo, de Figueira de Castelo Rodrigo.

«É uma estranha maneira de dignificar o Poder Local», refere o documento, acrescentando que «se o primeiro-ministro já não quer ou não deixa que os convites se façam, porventura com os tais receios de que seja incomodado com protestos, em relação à Guarda não tinha que recear nada. (…) E, no caso concreto, ao consignarem-se obras de ampliação e remodelação do Hospital Sousa Martins, é uma boa razão para manifestarmos alguma satisfação». E «só alguma», prosseguem os sociais-democratas, porque o PS cumpriu a sua promessa em vésperas de eleições: «Nos últimos 14 anos, e sem querermos enjeitar responsabilidades, o Partido Socialista governou o país durante mais de 10 anos», recordam. Por outro lado, «o PS sempre fez bandeira de um novo Hospital e o que verdadeiramente se assistiu foi à cerimónia de lançamento da primeira pedra das obras de remodelação do Hospital. O resultado será voltar a acrescentar aos acrescentos, na altura tão criticados pelo PS», acusa o PSD.

«No início desta legislatura socialista prometeu-se muito. Agora que se aproxima o seu fim, lança-se uma parte da obra para se prometer o resto mais tarde», avisam os sociais-democratas, que também esperam para ver «os resultados» do modelo empresarial em que todos os doentes do distrito são «“contabilizados”» na Unidade Local de Saúde da Guarda. «Por nós sempre tínhamos preferido a excelência hospitalar da Guarda a funcionar de um modo interligado», garantem.

Luis Martins «Espero não me reformar da política sem que a obra esteja construída», afirmou José Sócrates

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