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O Uso Discutível de um Pronome Pessoal

Começou a campanha eleitoral. José Igreja, Álvaro Amaro e Baltazar Lopes começaram a espalhar cartazes pela cidade. As diferenças nos orçamentos são evidentes, mas também o serão as ambições. A única semelhança para já é o ar sisudo de todos.

Baltazar não tem uma máquina partidária que o apoie, nem os mesmos recursos financeiros dos outros candidatos. Isso explica o evidente amadorismo do seu cartaz, embora não explique suficientemente o resto: a estranha textura do mapa do concelho, este entre umas protectoras e bizarras palminhas e com a palavra “Guarda” por cima, não fosse alguém deixar de perceber a lógica do conjunto. Numa coisa parte em vantagem, ao oferecer as primeiras promessas – melhor saúde e mais emprego. Aguardemos pacientemente para ver como se propõe o candidato a sua concretização.

José Igreja não deve gostar de ser fotografado. Parece pouco à vontade, tem os olhos demasiado abertos, uma postura hirta. Não promete nada e apresenta-se: “Da Guarda, pela Guarda, por si”. Não está mal, como apresentação, e dá as primeiras indicações de como vai ser a sua campanha. Registe-se que não deixa na sombra o partido que o apoia, como seria possível numa câmara que nunca deixou de ser do PS e dificilmente pode ser considerada um modelo de boa gestão.

Pior do que o PS na Guarda estará o PSD no país, mas Álvaro Amaro também não renega o seu partido. Pode dizer-se que isso será por concorrer em coligação com o PP, mas é para já um ponto a seu favor. O seu cartaz parece mais profissional que os outros mas está demasiado “decorado”. Mantém a nuvem (para garantir que se percebeu a sequência?), tem os símbolos dos partidos da coligação, a referência às eleições a que concorre (era mesmo preciso?), o nome do candidato e os primeiros motes da campanha: “A Guarda tem futuro” e “O futuro depende de nós”. Caberia agora perguntar-lhe o que quer ele dizer com “nós”: plural majestático ou nós, cidadãos da Guarda? E a ser esta última a resposta correcta, como quer ele, que não é de cá, inscrever-se nesta categoria? Ou muito me engano ou vamos ver este pronome pessoal ser tema de campanha, como aliás bem revela o cartaz do José Igreja.

Por: António Ferreira

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