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«O Sporting da Covilhã não tem neste momento estrutura económica para se manter na Segunda Liga»

Cara a Cara – Entrevista

Perfil:

– João Petrucci

– Presidente do Sporting Clube da Covilhã

– Naturalidade: Covilhã

– Idade: 56 anos

– Profissão: Bancário aposentado

– Currículo: Bancário durante 30 anos, presidente do SCC desde 2001, no clube há 13 anos, vice presidente da União Olímpica da Covilhã

– Hobbies: Ler, conviver com família e amigos

P – O Sporting Clube da Covilhã passou por algumas jornadas complicadas. Acha que a sorte mudou após terem ganho ao União da Madeira?

R – Desde a primeira jornada que o Sporting da Covilhã se empenhou bastante para procurar a vitória em todos os jogos. Tal não foi possível por razões diversas, como as lesões, os castigos e algumas situações incompreensíveis ao nível das arbitragens, que contribuíram para que o Covilhã tivesse um início de campeonato bastante mau e difícil em todos os aspectos. A direcção nunca desconfiou que os atletas não tivessem capacidade para dar a volta ao texto e, felizmente a partir do jogo com o Chaves, as coisas modificaram-se e esperamos que os próximos nos venham dar muitas alegrias. No ano passado tivemos um bom início, mas houve quatro derrotas seguidas pelo meio que nos afectaram na classificação. Espero que agora também consigamos recuperar para acabarmos bem.

P – Mas há quem aponte o baixo orçamento e uma equipa com poucos jogadores profissionais como as razões do insucesso?

R- Posso admitir isso de alguma forma, mas não na totalidade. A equipa levou realmente uma grande sangria no final da última época, pois o clube não tem força económica que lhe permita manter jogadores com salários elevados. O orçamento foi o que tínhamos e podíamos dar, não podíamos ir além disso. Os clubes vivem dos amigos e dos sócios, o problema é que hoje em dia vivemos uma conjuntura bastante difícil.

P – Notou pouca adesão e apoio dos sócios?

R – As pessoas não aparecem quando não há resultados. Houve uma redução significativa nas receitas dos jogos que se reflecte neste momento no estado financeiro do clube, mas esperamos que o futuro seja mais risonho em todos os aspectos, tanto no financeiro como no desportivo.

P- O preço dos bilhetes pode ter influenciado a pouca afluência dos sócios ao Santos Pinto?

R- Não. Os sócios do Covilhã beneficiam de preços mais reduzidos comparativamente a outros clubes. Já o preço dos bilhetes de não sócio é o oficial e não podemos fugir a ele visto existirem valores mínimos e máximos que, caso sejam desrespeitados, implicarão o pagamento de multa. Os sócios pagam 3,50 euros, mas os associados reformados pagam dois euros.

P- Pondera a substituição do técnico?

R- Isso não está e nem nunca esteve em causa. João Cavaleiro é o técnico desta direcção. Enquanto estivermos em funções, ele permanecerá como técnico.

P- Que perspectivas tem para o clube? Acha possível o Covilhã situar-se entre os primeiros da tabela?

R- É bastante difícil, pois a Segunda Liga é muito complicada. Penso que o Covilhã não tem neste momento estrutura económica e financeira para se manter por muito mais tempo na Segunda Liga. No entanto, temos fé que as coisas vão mudar, que a conjuntura económica do país também mude para melhor e que tudo isso ajude o clube a seguir o seu caminho.

P- O Covilhã poderá descer de divisão esta época?

R- Isso não nos passa pela cabeça.

P- Pensa recandidatar-se em Março de 2004?

R- Acho que deve vir gente nova e com novas ideias para o clube. Neste momento não penso recandidatar-me, o que não implica que na altura não possa reconsiderar caso os estatutos sejam alterados de modo a que os mandatos passem a ser de um ano.

P- Como está a situação financeira do clube?

R- Bastante complicada. No entanto, o passivo tem vindo a diminuir nos últimos dez anos e o Covilhã tem apresentado lucros todos os anos. O problema da tesouraria é que é bastante difícil, já que a verba proveniente do usufruto dos silos-auto foi reduzida substancialmente devido à concorrência, o que se reflecte na vida do clube.

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