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O sonho que virou pesadelo

Acesso à Internet de alta velocidade, via wireless, na freguesia de Maçaínhas está a revelar-se muito problemático

Afinal, o prometido acesso à Internet de alta velocidade, via wireless (sem fios), anunciado em meados do ano transacto, e que prometia ser uma excelente novidade para a freguesia de Maçaínhas tornou-se rapidamente num “pesadelo”. Tudo porque, ao contrário do esperado pela Junta anterior, que investiu cerca de 15 mil euros no projecto, a ligação tem muitas interrupções e só chega a um terço dos habitantes que se mostraram interessados em aderir. A solução para o problema tarda em aparecer e os actuais responsáveis pela Junta de Freguesia acusam as duas empresas intervenientes no processo de “sacudirem” as responsabilidades.

Um dos habitantes de Maçaínhas, que se sente «lesado e prejudicado», ainda aguentou cinco meses até que a situação fosse resolvida, mas depois cansou-se de esperar: «Desde Agosto até Dezembro que o serviço nunca funcionou como devia ser. O sinal da Internet ia e vinha e havia dias em que não conseguia mesmo aceder. Fartei-me de contactar as empresas, mas nunca resolveram os problemas», garante. Assim, e mesmo com os 180 euros investidos numa antena exterior, cabo wireless e cabo receptor, acabou por desistir de esperar, tendo entretanto aderido a outro serviço. De resto, dos cerca de 30 habitantes que inicialmente manifestaram interesse em aderir, apenas um terço tem tido acesso à Internet, mas sempre de forma instável. A ideia inicial da Junta era cobrar uma mensalidade de 20 euros pelo serviço, mas como a qualidade está longe de ser a ideal, a autarquia ainda não cobrou qualquer verba. Pelo contrário, para além do investimento inicial, a Junta tem pago prestações mensais à empresa que está a fornecer o sinal. «A Junta anterior terá pensado que isto seria uma “galinha dos ovos de ouro”, mas só nos tem trazido grandes pesadelos porque as pessoas vêm reclamar junto de nós e com razão», reconhece António Sousa, presidente da Junta de Maçaínhas, eleito a 9 de Outubro. O autarca diz que houve «pressa» por parte do seu antecessor, que «quis resolver um problema» sem ter feito um «levantamento concreto» das necessidades. «Neste momento, estamos com problemas graves porque o investimento feito poderia, eventualmente, ter sido utilizado noutro tipo de infraestruturas e obras», garante.

Pedido de indemnização é uma possibilidade

Após a tomada de posse, uma das primeiras medidas do novo executivo foi contactar as empresas responsáveis pela montagem do equipamento. Contudo, «já lá vão mais de três meses e ainda não conseguimos resolver o problema», lamenta. Perante este impasse, a Junta admite avançar com um pedido de indemnização: «Para já, estamos a aguardar e a tentar resolver as coisas da melhor forma. Mas se tiver que ser, avançaremos com processos judiciais», avisa. Até porque, confrontados com a situação actual, que se arrasta desde Junho de 2005, muitos dos aderentes iniciais estão a desistir porque estão «fartos de esperar e têm necessidade de aceder à Internet», diz. Também Rui Martins, tesoureiro da Junta e um dos lesados, assegura que se têm verificado «constantes interrupções» nas ligações. «A resolução do problema foi-se adiando e há aqui um efeito de bola de “ping-pong”, com uma empresa a responsabilizar a outra, e vice-versa», denuncia.

O certo é que o problema já se arrasta há vários meses.

Miguel Fernandes, director-geral da Infranet, empresa que procedeu à instalação do equipamento em casa das pessoas, explica que se pensa que não há Internet em Maçaínhas devido «a um problema que ocorreu em Bruxelas». A Infranet procedeu à montagem do sistema nas habitações e tem efectuado «alguns ajustes pontuais», dado tratar-se de um método que «varia consoante as condições atmosféricas», piorando no Inverno. Quanto a uma possível solução para o problema, Miguel Fernandes considera que passará, primeiro, por «uma avaliação da cobertura wireless» na freguesia e, depois, com «a colocação do equipamento devido em casa de cada utilizador». Apesar das tentativas, “O Interior” não conseguiu contactar Paulo Nabais, gerente das “Novas Tecnologias”, empresa da Guarda representante da holandesa “Aramiska”, responsável pela instalação do equipamento que devia garantir o sistema de Internet via satélite.

Ricardo Cordeiro

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