Arquivo

O som reinventado de Victor Gama

Músico e criador de instrumentos actua amanhã na Guarda

O projecto Pangeia Instrumentos revela-se amanhã à noite na Guarda, durante um concerto que promete quebrar todas as barreiras da música tal e qual a conhecemos. Victor Gama é o cicerone desta surpreendente viagem sonora por instrumentos (re)inventados através de um processo de experimentação e cruzamento com o design, som, música, imagem e performance. Tudo no café-concerto do TMG.

Gama trabalha com o fenómeno de metamorfose dos instrumentos musicais investigando a sua evolução desde períodos tão distantes como a pré-história até aos dias de hoje. Este fenómeno sugere que a forma é um elemento dinâmico no processo de composição e está intimamente relacionada com o impulso criativo do músico e com o meio ambiente que o rodeia. O resultado são instrumentos desenhados como um processo em que a construção é introduzida na própria escrita musical, mas também um novo léxico de possibilidades acústicas que Victor Gama tem vindo a partilhar com o público em exposições, “workshops” e concertos em Portugal e no estrangeiro. A paleta de sons que cria representam loops percussivos e harpejos construídos a partir de componentes elementares que fecham um círculo à volta da música de gamelão, o trabalho de compositores de início de século, como Eric Satie, e a música dos minimalistas do século XX, caso de Steve Reich, Michael Nyman ou Arvo Part.

Através deste método, o músico e compositor constrói instrumentos colectivos que podem ser tocados por dois ou mais músicos. Alguns exemplos, como a Mesa do Diálogo, o Cruzeiro do Sul ou a Matriz Tonal, são tocados a dois ou a quatro, o que confere aos espectáculos uma importante componente cénica e uma cumplicidade forte com o público. Neste processo, Victor Gama tem recentemente introduzido o uso de tecnologias de CAD/CAM e prototipagem rápida como stereolitografia a laser, “injection molding” e “pulse cutting” em colaborações com as Universidades de Loughbourough e London Metropolitan. Victor Gama nasceu em Angola e cedo se dedicou ao estudo da música tradicional angolana e à aprendizagem de instrumentos como a kissange (lamelofone angolano), hungo (arco musical) e a guitarra de 12 cordas, tendo estudado guitarra clássica na Academia dos Amadores de Música em Lisboa. Formou-se depois em Engenharia de Electrónica e Telecomunicações e tem várias obras editadas. Nos últimos 10 anos tem realizado um trabalho de pesquisa com compositores e músicos em meios rurais em Angola, Cabo Verde, Cuba, Colômbia, África do Sul, Namíbia e Brasil.

Sobre o autor

Leave a Reply