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«O sistema atual está a afastar do ensino superior o aluno médio»

O presidente do IPG pede mudanças nos critérios das provas de ingresso e das notas mínimas, que considera «demasiado exigentes» numa altura em que há cada vez menos alunos. Constantino Rei quer também que a divulgação das vagas seja antecipada.

O presidente do Politécnico da Guarda pede à tutela que antecipe a divulgação das vagas para as instituições de ensino superior «planearem melhor o seu futuro». Constantino Rei iniciou na passada quarta-feira o seu segundo mandato de quatro anos a reeleição em outubro passado num escrutínio em que foi candidato único.

No seu discurso de tomada de posse, o responsável defendeu também a necessidade de mudar os critérios das provas de ingresso e das notas mínimas porque o «sistema atual está a afastar do ensino superior o aluno médio». O professor doutorado em Economia e antigo diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) dedicou a sua intervenção a sugerir formas de «proteger o ensino superior do interior» da redução de alunos, mas assumiu já ter perdido «a esperança de que alguma coisa mude». Apesar disso, Constantino Rei disse ser necessário «um mecanismo de ajustamento automático da oferta à procura», tendo voltado a insistir que o futuro dos politécnicos e universidades do interior só melhorará quando forem reduzidas as vagas nas instituições do litoral. Até lá, o presidente do IPG pede que se mudem os critérios das provas de ingresso e as notas mínimas, que considerou «demasiado exigentes», numa altura em que as instituições do ensino superior se debatem com a redução «inexorável» do número de candidatos.

Constantino Rei também criticou a forma como foi implementado o “+ Superior”, pois as bolsas destinadas a atrair alunos para os politécnicos e universidades do interior foram maioritariamente para estudantes de medicina e enfermagem. «É uma área onde o IPG e a UBI têm menos problemas de captação de alunos», disse, pedindo no entanto que a tutela não abandone o “+ Superior”. «Só precisa de dois ajustamentos. O primeiro é que devem ser as instituições a decidir quais os cursos abrangidos pelo programa, depois é preciso que o número de bolsas seja conhecido em março», sugeriu Constantino Rei, para quem estas bolsas devem servir para «influenciar os estudantes a escolher as instituições e não premiar os melhores alunos».

Nesta sessão, o presidente do Politécnico guardense revelou que vai manter os seus vice-presidentes Gonçalo Poeta Fernandes e Pedro Cardão, bem como as diretoras da ESTG (Clara Silveira) e da Escola Superior de Saúde (Paula Coutinho). Para a Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto será proposto Pedro Tadeu, enquanto na Escola Superior de Turismo e Hotelaria, em Seia, a continuidade de Anabela Sardo está dependente de pareceres pedidos à tutela. Por sua vez, o secretário de Estado do Ensino Superior admitiu que o impacto do “+ Superior” foi «inferior ao que desejaríamos» e anunciou que no próximo ano o Ministério espera «quebrar todos os recordes de datas» em termos de vagas, programas “+ Superior”, “Retomar” e de ingresso de estudantes estrangeiros. «Tudo vai ser comunicado muito mais cedo e esperamos que seja possível fazer isso na Páscoa», declarou o governante.

Já o presidente da Câmara da Guarda também concordou com a necessidade de se reduzirem as vagas em Lisboa, Porto e Coimbra de forma a favorecer as instituições de ensino superior do interior, onde «há competências, recursos humanos qualificados e instalações condignas». Na sua opinião, a economia dos grandes centros sofrerá «muito pouco» se houver menos 15 mil alunos. «Já no interior, o impacto da vinda desses estudantes é muito grande», considerou o autarca.

ESTG abre novo laboratório e apresenta impressora 3D

Aproveitando a sessão solene, a ESTG inaugurou um novo laboratório vocacionado para análises ambientais e apresentou uma impressora 3D – IprinterG, que resulta de uma parceria com a empresa Ouplan.

Com esta nova tecnologia, a escola espera reforçar os seus serviços para a indústria na área do design, arquitetura, desenvolvimento de produto e prototipagem rápida. Trata-se de uma impressora 3D de «última geração, modelo Dimension SST1200, e permite a construção rápida de protótipos funcionais em material ABS (material polimérico), com elevada precisão, durabilidade e a custos competitivos», refere a direção da ESTG.

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