Arquivo

O sindicalista no poder

Saliências

Se o dirigente sindical chega ao poder e não cumpre as leis que ajudou a criar, as leis que exigiu em manifestações de rua, em greves que duraram meses, as leis de infindáveis negociações, claudica. Vai-se das pernas quando permite que os trabalhadores violem as leis que os protegem, as normas que lhes salvam a vida e aos outros. O dirigente toma conta de um serviço hospitalar e não se importa que os colegas trabalhem 48 horas sem parar.

Permite que os que saem de noite fiquem a fazer cirurgia, que os turnos com horas extra não sejam equitativos, que uns fumem onde é proibido, que outros não se fardem condignamente ou correctamente. O dirigente chegou e a sua primeira função foi deixar de liderar. Agora as leis por que lutou e foi representante europeu foram esquecidas e reina o bem bom e o freio nos dentes. Só que as leis são a única coisa que nos dá estabilidade e regras de convívio. Assim se joga agora à bofetada no serviço do dirigente sindical, agora ninguém sabe quem comanda quem e os indicadores pioram rapidamente.

Mas os direitos estão lá despidos dos deveres, das normas, dos protocolos. O sindicalista não sabe as vantagens da coerência e vai perdendo a mão da reivindicação e ganhando a prepotência. O mando déspota nasce da falta de rumo, da anarquia, do desmazelo. Quando chegam os primeiros tiros no pé alguém vai ter de dizer basta e o sindicalista já lhe perdeu a razão.

Por: Diogo Cabrita

Sobre o autor

Leave a Reply