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O segredo da Goldman Sachs

«Dêem-me o controle do dinheiro de uma nação e eu não me importarei com quem lhe faz as leis». (Mayer Rothschild, banqueiro, séc. XIX). Esta é a frase de que os grandes banqueiros mais se deverão orgulhar. Entre eles estão os do topo da pirâmide mundial – o Goldman Sachs.

O Goldman Sachs (GS) é um dos maiores bancos de investimento mundial e co-responsável direto, com outras entidades (como a Moody’s), pela atual crise e por todas as crises bolsistas no últimos 80 anos, a começar pelo grande “crash” de 1929. É também um dos grandes beneficiados com as mesmas.

Chris Edges, jornalista galardoado com um Pulitzer e autor do livro “O império das ilusões”, referiu no documentário da Canal+, transmitido na TVI24, que os altos quadros da GS são «empurrados» para fora da instituição e passam a gravitar na órbita do sistema político, havendo vários ex-quadros que conseguiram posições muito próximas dos decisores do poder, desde a altura de Bush pai até Obama, o que significa que nos EUA e agora também na Europa vai ser impossível aos governos votarem contra os interesses desta corporação. Lucas Papademos (atual líder grego após a renúncia de Papandreou), Mario Monti (agora à frente do governo italiano) e Mario Draghi (atual presidente do Banco Central Europeu) estão entre esses ex-altos quadros da Goldman e não demorará muito para que o “polvo” se estenda a Portugal (se é que não estão já por cá), Espanha e a outros países que falsa, criminosa e especulativamente são vítimas, programadas, desta e doutras instituições americanas.

De acordo com o “Wall Street Journal”, o GS aconselha os seus clientes a apostarem no colapso financeiro da Europa, pelo que tem o poder, direto, de arruinar economias como a da Grécia ou a nossa, porque tudo gira à volta dos juros das obrigações; quando declaram que determinado país está insolvente as consequências são drásticas, pois forçam essa nação a continuar a pedir empréstimos e a implementar medidas de austeridade que a empobrecem. Somos todos reféns deste jogo de especulação. As audições a banqueiros no Senado americano são apenas teatro político. Depois de as câmaras se desligarem, banqueiros corruptos, agiotas e todo um bando de escroques de fato vão “para a cama”com o poder político. É que nos EUA ninguém tem poder sem a aprovação do setor financeiro. Desde o colapso de 2008 que se tem visto que ninguém toca nessas instituições financeiras e que ninguém tem poder para as deter. Sabe-se que saquearam o Tesouro americano e que continuam no casino da especulação como antes do rebentamento da bolha imobiliária.

Qualquer ideia de que é preciso legislação para controlar Wall Street é poesia, pois, apesar de tudo, continuam os derivativos tóxicos, os produtos de proveniência duvidosa e agora, mais do que nunca, computadores com programas baseados em algoritmos matemáticos, vendem e compram, ao ritmo das equações, alterando os preços de bens essenciais num jogo mortal e substituindo, paulatinamente, os tipos que costumávamos ver furiosamente esbracejando em Wall Street enquanto vendiam ou compravam umas merdas quaisquer sem nunca, e friso NUNCA, terem produzido algo de útil, antes pelo contrário. São parasitas do mais baixo, jogam um jogo sem qualquer árbitro porque, segundo os iluminados, alguns deles eminentes economistas financiados pelos gigantes que pretendem beneficiar, não é preciso regulamentação nos mercados porque eles serão capazes de o fazer por si mesmo. No século XVII os especuladores eram enforcados mas isso acabou há muito. Nos EUA, universidades, meios de comunicação social, tribunais, partidos políticos e setores executivos do governo, todos dançam ao som da música que eles tocam. Não há nada que o cidadão comum possa fazer. Não existe nenhum mecanismo dentro das estruturas formais do poder, que nos permita lutar contra eles. Não vivemos numa democracia mas sim noutro estado, uma “corporatocracia” a quem o filósofo Wolin chamou de «totalitarismo invertido», aquele que se expressa através da sociedade anónima, mas que neste particular tem um nome: Goldman Sachs e pares.

Estamos a ser destruídos financeira, política e economicamente e o GS é a joia da coroa dessas instituições. Não têm quaisquer limites. Transformam tudo num mercado que exploram até à exaustão ou ao colapso. É por isso que a crise ambiental está claramente ligada à crise económica. A morte do império americano não é uma tragédia. O que assusta é a forma como a América está a morrer, estrebuchando como um animal ferido, mas arrastando nesse processo principalmente o continente que deu civilizações ao mundo e ao qual Portugal pertence. A queda dos impérios acaba quase sempre com o consumo dos recursos e guerras internas, como aconteceu na ilha de Páscoa, só que, o que se iniciou nos EUA em 2008 está a ter uma dimensão global pelo que não haverá um “oásis” para onde possamos emigrar. No entanto, os grandes bancos de investimento, quais abutres, andarão por aí a recolher os destroços e a beneficiar com o colapso civilizacional, saindo sempre a ganhar. É como no jogo do Monopólio, no final… todo o dinheiro volta para a caixa.

Por: José Carlos Lopes

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