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O santuário da música progressiva

Focus, Volapük e PFM são os cabeça de cartaz do Gouveia Art Rock, que acontece este fim-de-semana no Teatro-Cine

Começa amanhã um festival que já dispensa apresentações, até porque é o único dedicado à música progressiva em Portugal. Um estatuto que o Gouveia Art Rock tem valorizado anualmente com um cartaz à altura da responsabilidade. Desta vez, o evento decorre até domingo e inclui onze concertos no Teatro-Cine com algumas das melhores bandas do momento, como os holandeses Focus, os franceses Volapük e os italianos PFM (Premiata Forneria Marconi).

O festival arranca ao final da tarde com uma homenagem ao músico sueco Lars Hollmer, falecido no ano passado, e que esteve em Gouveia na edição de 2005. Pouco depois, o concerto de abertura da sétima edição cabe à banda espanhola October Equus. Segundo organização, a cargo da autarquia e da empresa municipal DLCG – Desporto, Lazer e Cultura de Gouveia, os seus temas inteiramente instrumentais situam-se entre «o progressivo vanguardista e as diferentes estéticas do movimento Rock-In-Opposition (RIO) e da escola canterburiana». O projecto néo-clássico Gatto Marte (Itália) é a proposta seguinte, incorporando elementos recolhidos na música popular, na clássica e no jazz. À noite sobe ao palco a banda principal do primeiro dia, os Focus. São considerados o mais famoso grupo do progressivo holandês. «As peças instrumentais “sinfónicas” dos Focus continuam a possuir um som único, singular e inconfundível, que se deve não só à enorme qualidade da escrita “clássica” do fundador Thijs van Leer, como também à excelência dos instrumentistas do grupo», revela a produção. Em Gouveia, os fundadores Thijs van Leer (órgão e flauta) e Pierre van der Linden (bateria) fazem-se acompanhar de Niels van der Steenhoven (guitarra) e Bobby Jacobs (baixo)

No sábado, os primeiros convidados do dia vêm do Japão. Muito elogiados pela crítica especializada, a música dos KBB funde o jazz-rock europeu e norte-americano dos anos 70 com o sinfonismo nipónico da década seguinte e o neo-classicismo europeu mais recente. «Dotados de uma técnica de execução notável, os membros deste quarteto de Tóquio, dirigido pelo violinista e compositor Akihisa Tsuboy, transcendem-se ao vivo, evocando levemente a lendária Mahavishnu Orchestra, da fase Jean-Luc Ponty, tanto no dinamismo da sua secção rítmica, como nos diálogos vertiginosos do violino com os teclados», anuncia a organização. Depois do virtuoso guitarrista britânico Gordon Giltrap entram em cena os vanguardistas Volapük e o California Guitar Trio, formado por guitarristas que frequentaram cursos de Robert Fripp e integraram duas das suas formações, The League of Crafty Guitarrists e The Robert String Quintet. A segunda noite termina com o projecto Stick Men (Estados Unidos), de Tony Levin, Pat Mastelotto e Michael Bergier.

O programa do último dia começa novamente com a música progressiva japonesa. Desta vez são os Koenji Hyakkei a mostrarem o que valem e, segundo a organização, são muito bons naquilo que fazem. Depois entra em cena o progressivo experimental e psicadélico da Daevid Allen’s University of Errors (Australia/USA), antes do Gouveia Art Rock se despedir com o concerto dos PFM. A Premiata Forneria Marconi é tão só a mais famosa e aclamada banda de progressivo italiano, que já leva quase 40 anos de actividade. Como sempre, o festival inclui ainda uma feira do disco, uma palestra e uma exposição sobre este género musical.

Luis Martins Os holandeses Focus, uma das bandas mais aguardadas nesta edição, actuam amanhã à noite

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