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«O Regadio da Cova da Beira vai tornar a agricultura mais competitiva»

Cara a Cara – Entrevista

P – Quais as vantagens que a entrada em funcionamento do bloco de Belmonte e Caria do Regadio da Cova da Beira, prevista para o início de Maio, vai trazer a esta região?

R – É uma reivindicação dos agricultores já com muitos anos. Actualmente só funciona o bloco da Meimoa, há cerca de 15 anos, que serve 3.400 hectares. Com a entrada em funcionamento do bloco de Belmonte e Caria, que beneficia mais 3.600 hectares, os agricultores do outro lado vêm finalmente chegar o Regadio às suas propriedades.

P – Qual é a área que abrange e quantos utilizadores poderá servir no total?

R – Com a entrada em funcionamento deste bloco, o Regadio vai irrigar cerca de 7 mil hectares, sendo que no primeiro ano, que será um período de testagem, deverão ser beneficiados entre 400 a 500 agricultores. No futuro, tudo indica que o bloco de Belmonte e Caria, que abrangerá propriedades de maior dimensão, irá beneficiar entre 700 a 800 agricultores. No total, quando todo o Regadio estiver concluído, deverá beneficiar cerca de cinco mil agricultores e abranger uma área de 13.600 hectares.

P – A ligação entre a barragem da Meimoa e a do Sabugal elimina a possibilidade de ocorrência do risco de seca para os utilizadores?

R – Penso que sim. A barragem do Sabugal foi construída há muito tempo mas está em testagem. Embora tenhamos sempre que ter algum cuidado na gestão da água, penso que com essa barragem em pleno funcionamento se deixará de falar de seca na Cova da Beira. É uma barragem com grande capacidade de armazenamento, cerca de 120 milhões de metros cúbicos, o que garante água para dois ou três anos, mesmo com o Regadio a funcionar em pleno.

P – A conclusão do Regadio é há muito tempo esperada na região. Os agricultores têm sofrido muitos prejuízos por causa desta demora?

R – Não diria prejuízos, mas faz-se uma agricultura menos competitiva do que se poderá eventualmente fazer com o Regadio a funcionar em pleno, isto porque a água vai ter custos muito diminutos para o utilizador. Rega tudo por gravidade, com pressão e não há bombagens, o que permite poupar muito dinheiro na factura da electricidade. A chegada do Regadio da Cova da Beira vai permitir reduzir as despesas em rega para menos de metade. Portanto, tornará a agricultura mais competitiva porque tem menos custos.

P – Acredita que a construção dos blocos da Covilhã e Fundão ficará mesmo concluída em 2009?

R – É essa a garantia do primeiro-ministro, e confirmada há cerca de um mês pelo ministro da Agricultura numa reunião em Castelo Branco. Eu diria que 2010 era um bom ano e uma boa meta para se concluir o projecto. O Governo insiste que vai estar concluído em 2009 e, portanto, eu vou acreditar neles. Mas há muitos anos que temos que ver para crer.

P – Que tipo de culturas poderão ser mais viáveis quando todo o Regadio estiver concluído?

R – A nível do bloco da Meimoa, a cultura predominante, e com alguma visibilidade e rentabilidade, é a do milho. Acho que se deve explorar o sector das hortícolas. Temos que criar condições para que os agricultores produzam hortícolas, pois por aqui predomina a pequena parcela e é nessa área que poderão ter mais rentabilidade. No bloco que entra agora em funcionamento há pomares e prados permanentes e penso que com a chegada do Regadio se pode fazer agricultura competitiva.

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