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O “ranking” das escolas da região

As “melhores” Secundária e Básica só aparecem, respectivamente, nos 88º e 155º lugares a nível nacional

A Escola Secundária Afonso de Albuquerque, da Guarda, aparece como a melhor classificada no “ranking” das escolas da região produzido pelo diário “Público” e publicado na edição da passada segunda-feira. A lista dos estabelecimentos de ensino foi elaborada com base nos dados divulgados pelo Ministério da Educação (ME) e incide sobre os resultados obtidos, nos exames nacionais, pelos alunos do 9º e 12º anos.

Contudo, a Afonso de Albuquerque só figura em 88º lugar a nível nacional, com uma média obtida, nos exames, de 11,62 valores. Segue-se-lhe a Escola Básica (EB) 2 e 3 c/ Secundário Padre António de Andrade (Fundão), com uma média de 11,55, na 94ª posição. Em terceiro lugar ficou a Escola Secundária/3 Frei Heitor Pinto (Covilhã), que conseguiu uma média de 11,33 valores, ocupando o 127º lugar. Já a “pior” escola secundária da região pertence ao distrito da Guarda. Trata-se da EB 2 e 3/S Dr. José Casimiro Matias (Almeida), que aparece na 471ª posição do “ranking” (num total de 487 escolas), tendo obtido uma média de 8,53 valores nos exames. Além desta, há pelo menos outras quatro escolas com médias negativas – a Escola Secundária/3 de Pinhel (9.84), as EB2 e 3/S de Aguiar da Beira (9.46), de Figueira de Castelo Rodrigo (8.97) e a Ribeiro Sanches, de Penamacor (8.84).

No que diz respeito ao secundário privado, foram analisados os resultados de 117 estabelecimentos a nível nacional. O único que se encontra na região – o Externato N. Sra. dos Remédios, do Tortosendo (Covilhã) – surge num dos últimos lugares da lista. Cabe-lhe o 103º lugar, por causa da média de 9,92 valores obtida este ano. Se se analisar “à lupa” os resultados de cada disciplina, a região destaca-se, por exemplo, no “top 10” das piores médias conseguidas a História devido ao fraco desempenho da EB2e3/S de Fornos de Algodres. A Secundária de Figueira de Castelo Rodrigo também aparece na lista das 10 piores a Física e Química. Já o Externato N. Sra. dos Remédios figura na quarta posição do “ranking” das piores médias a Economia.

Quatro 20 a Matemática no distrito da Guarda

A melhor nota do distrito a Português foi conseguida na Afonso de Albuquerque (19,3) e a pior na Escola Secundária de Seia (1,2). A Matemática, os alunos brilharam e até houve quatro 20 – na Afonso de Albuquerque, na Secundária da Sé, em Fornos de Algodres e na Secundária de Seia. Pelo contrário, a pior nota àquela disciplina foi obtida na EB 2e3/S de Aguiar da Beira (3,0). Na Mêda, nenhum aluno teve menos de 11,1 a Matemática. Já na Covilhã, nenhum aluno chegou à nota máxima em qualquer disciplina. A melhor classificação a Português foi de 19 valores na Campos Melo. A mesma escola conseguiu, aliás, o melhor resultado do concelho também a Matemática – 19,7. No que se refere ao ensino básico, a EB 2 e 3 Dr. Guilherme Correia de Carvalho (Seia) foi a melhor, embora só apareça em 155º lugar da tabela nacional. Logo depois, em 161º, está a Escola Regional Dr. José Dinis da Fonseca (Colégio da Cerdeira). Ao invés, os piores lugares ficaram reservados para a Escola C/ 3º ciclo de Gonçalo Anes Bandarra, de Trancoso (1241º) e para a Escola Secundária/3 do Sabugal (1127º). Na Covilhã, a melhor escola foi, de longe, a Secundária/3 Quinta das Palmeiras (134ª posição). Pior é o Externato N. Sra. Dos Remédios (1231º). No Fundão, destaque para a Escola Secundária/3 local (283º lugar). A pior do concelho é a EB2 e 3 de Silvares (1247º).

A melhor Secundária

Escola Secundária Afonso de Albuquerque, Guarda (920 alunos)

Segredo do sucesso é “reunião” semanal de professores

«Estamos naturalmente satisfeitos. Esta escola sempre se pautou por um grau de exigência considerável em relação ao desempenho escolar dos alunos. Ainda assim, não atribuo muita credibilidade aos “rankings”. Melhorámos bastante em relação ao ano passado. Penso que isso se deve ao facto de termos conseguido uma maior articulação entre os professores, ao nível das actividades. Criámos uma hora conjunta, semanal, em que os docentes de cada grupo disciplinar se reúnem para falar sobre o cumprimentos dos programas, elaborar fichas de trabalho, articular e coordenar as actividades lectivas». (António Soares, presidente do Conselho Executivo)

A melhor Básica

Escola Básica Dr. Guilherme Correia de Carvalho, Seia (450 alunos)

«No interior é possível trabalhar bem, mas para isso é necessário empreender um esforço muito maior»

«A utilidade e a validade destes “rankings” dependem da leitura que se lhes faz. É preciso ter em conta que é impossível comparar escolas privadas com públicas ou escolas inseridas em meios sociais, culturais e económicos distintos. Porém, estas listas fornecem indicadores importantes para que se possa comparar escolas em idênticas condições – numa mesma zona deprimida, por exemplo. Penso que no interior do país é possível trabalhar bem – e até melhor do que em outras zonas -, mas para isso é necessário empreender um esforço muito maior. No ano lectivo de 2006/2007 iniciámos um processo de experimentação de uma série de métodos de apoio aos alunos que, julgo, começam agora a dar frutos. Temos aulas coadjuvadas, reuniões semanais de professores (onde podem partilhar ideias e dificuldades) e, para além das aulas normais, os alunos com menor sucesso têm mais 45 minutos por semana de enriquecimento curricular. (Fernando Horta, presidente do CE).»

A pior Básica

Escola Secundária/3 de Gonçalo Anes Bandarra, Trancoso (342 alunos)

«O nosso ambiente sócio-económico é distinto do do litoral»

«Estes “rankings” são, obviamente, uma falácia. No caso da nossa escola, temos alunos internos e externos a fazer os exames. Rebemos os alunos, por exemplo, da Escola Profissional. Esse factor não é considerado na elaboração da lista. E há outros que não são tidos em conta e que são extremamente importantes: o número de alunos por turma, a qualidade das salas e dos equipamentos. Há condições que nós não temos. O Plano Tecnológico continua a ser uma miragem. O nosso ambiente sócio-económico é completamente distinto do das zonas do litoral ou das grandes cidades». (Hugo Martinho, vice-presidente do CE).

Rosa Ramos

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