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O que separa os candidatos do PS, PSD/CDS, BE e CDU

O que os distingue, as portagens e o preço da eletricidade no interior foram os temas com que confrontamos os quatro principais candidatos que concorrem pelo círculo da Guarda no domingo. Saiba o que pensam com as respostas a estas três questões:

1. O que marca a diferença entre aquilo que propõe e as restantes forças políticas?

2. O que irá defender, de forma comprometida, em relação às portagens?

3. Recentemente, o Secretário de Estado da Energia, referiu que a eletricidade deveria ser mais cara no interior, do que no litoral, pois os custos de distribuição são maiores devido à densidade populacional ser menor. Que pensa sobre este assunto? É aceitável que um governo defenda esta ideia?

Carlos Peixoto(PSD)

1. «O que me distingue do meu principal adversário, o cabeça de lista do PS, é que nunca dependi nem dependo da política para me realizar profissionalmente. Em segundo lugar, estive na política ativa no Parlamento nos últimos seis anos, conheço todos aqueles corredores e sei a que portas devo bater, ao contrário dos outros candidatos que concorrem nestas eleições. Dou-me bem com todos os deputados do PSD, do CDS e tenho belíssimas relações com alguns do PS, que se viesse a ser governo, naturalmente assumiriam funções governativas, o que me deixa com grande facilidade de contactos. Por último, o meu partido e eu próprio estamos ligados a um país em crescimento e que agora tem todos os indicadores positivos a aumentar e os outros candidatos estão ligados a políticas do passado, onde predominava a recessão, a “troika” e os cortes. O PSD e o CDS não querem sair do euro, achamos que a Europa é decisiva na alavancagem do crescimento de Portugal».

2. «Está mais ou menos estabilizado nos programas do partido, quer da coligação, quer do PS. Não conheço as propostas do BE relativamente a isso, mas sei que PCP defende a abolição total das portagens, uma medida absolutamente irrealista. A coligação defende uma redução do preço das portagens por uma razão, não é nenhuma medida eleitoralista, é porque só agora foi possível renegociar as parcerias público-privadas com os concessionários e só agora é que o Governo conseguiu poupar dinheiro nessas concessões por forma a compensar as perdas que vai ter na não cobrança das portagens com os preços que estão agora definidos. A redução vai acontecer nos próximos quatro anos, não há nenhuma dúvida. No entanto, ainda não se pode dizer se será de 10, 20 ou 30 por cento. Pensa-se que irá beneficiar empresas, nomeadamente as que tiverem sede no distrito da Guarda».

3. «Não ouvi o que disse o secretário de Estado da Energia, posso apenas responder com o programa da coligação para estes quatro anos que apontam exatamente em sentido contrário, que é a redução dos custos da energia, da água, como já aconteceu, e de outros bens essenciais para que as empresas possam colaborar com custos mais baixos. Portanto, não acompanho uma medida que imponha custos mais altos de energia no distrito da Guarda ou no interior do país».

Jorge Mendes (BE)

1. «O Bloco de Esquerda apresenta-se como uma alternativa de esquerda às políticas que têm governado o país, como o PSD e PS. Distingue-se da política de direita em questões como o emprego e a dívida, que deve ser renegociada. Apresentamos uma política clara de emprego que não se coaduna com as políticas de direita».

2. «O BE é claro nessa matéria. Pretendemos a abolição das portagens enquanto o rendimento médio mensal regional for inferior per capita ao nacional. O BE é contra as portagens e faremos de tudo para as abolir».

3. «Perdeu uma boa oportunidade para estar calado. É inadmissível que um secretário de Estado diga isto. Também o secretário de Estado da Cultura, numa entrevista ao jornal “Sol”, muito recentemente, não valorizou, quase desvalorizou um projeto estruturante, central e muito importante para nós, que é o Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa. Um projeto interessantíssimo que é mais conhecido internacionalmente do que nacionalmente e o senhor secretário de Estado da Cultura referiu-se a esse projeto de uma forma bastante depreciativa. É uma espécie de gripe que se pega entre os secretários de Estado. É uma calamidade, não é aceitável que digam isto sobre o interior do país, que tem sido desapoiado. O BE é totalmente contra e fará tudo para que isso não venha a acontecer».

Luís Luís (CDU)

1. «Nós comprometemo-nos com uma política de esquerda. A análise dos últimos quatros anos está feita e o distrito está pior, com baixos níveis de desenvolvimento, baixos salários e cada vez mais desertificada. É preciso inverter este caminho e a CDU apresenta-se como uma alternativa, é preciso passar à ação. O PSD tem mantido um entrave ao desenvolvimento do interior, apoiado pelo PS».

2. «Estas portagens não devem existir. Defendemos a sua abolição na A23 e A25. Uns estiveram no Governo e nada fizeram, agora falam em cortes de 50 por cento. Propusemos a abolição por várias vezes na Assembleia da República e o que recebemos foram votos contra do PSD e abstenções do PS».

3. «Não me espantam essas declarações. O interior tem vindo a ser desertificado devido às políticas deste Governo. A proposta da CDU é baixar o preço dos combustíveis líquidos e gasosos. Temos tido governos que têm dificultado a vida no interior. Temos de ser solidários e somos contra a política do utilizador-pagador que tem vindo a ser defendida. É necessário lutar por um país igual e as populações mais isoladas não deverão ser sobrecarregadas».

Santinho Pacheco (PS)

1. «A política e as políticas só se fazem com pessoas e eu penso que a marca mais distintiva da ação política do PS é que nós somos pessoas presentes, a trabalhar pela sociedade e não que surgem apenas de quatro em quatro anos, a falar dos problemas do distrito, da cidade e das pessoas. Com as nossas propostas políticas e com os deputados eleitos na Guarda, queremos afirmar-nos para as pessoas, instituições e empresas. Podemos dizer isso com verdade, ao contrário de outras candidaturas que vivem afastadas da realidade, do mundo do trabalho e das empresas».

2. «Nós vamos defender que as portagens baixem em 50 por cento. Essa é a proposta dos candidatos a deputados deste círculo. Inicialmente pensávamos que ficar com um valor idêntico ao que se paga por quilómetro na A1 (Lisboa-Porto) seria já uma baixa significativa, cerca de 30 por cento, mas entendemos que devemos defender um discriminação positiva e por isso a nossa proposta é baixar as portagens em 50 por cento».

3. «Não me espanta essa posição do senhor Secretário de Estado da Energia, que é típica de uma política neoliberal deste Governo. Isto é, tudo é indexado à estatística e por isso mesmo tudo se conduz ao encerramento. Aliás, o verbo encerrar é o verbo mais conjugado por este governo, porque para eles a ideia é de que o Estado tem de dar lucro e por isso não há nenhuma forma de se afirmar uma política de discriminação positiva em relação aos territórios de baixa densidade. No domingo é necessário mudar, se não, os territórios como a Guarda, de densidade muito baixa, irão pagar por essas mesmas políticas, na energia e em todos os aspetos das políticas públicas, porque o que não tem lucro fecha e estamos sujeitos a que outros serviços encerrem no distrito. É lamentável que Artur Trindade não tenha o mínimo de atenção às mudanças climatéricas que existem nesta região, em que os utentes deveriam ter tarifas bonificadas durante os meses de inverno».

Carlos Peixoto(PSD) Jorge Mendes (BE) Luís Luís (CDU) Santinho Pacheco (PS)

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