Arquivo

O prometido é devido

Editorial

1. No verão de 2013, em plena campanha eleitoral, entrevistámos alguns dos candidatos às autarquias em locais onde as respetivas candidaturas propunham intervir e mudar. Pedimos aos candidatos para elegerem os pontos de partida – as três prioridades para alavancarem as mudanças no respetivo concelho. Foi um exercício muito interessante, nomeadamente porque os candidatos, como os leitores, naturalmente, hierarquizaram as prioridades enquanto apresentavam a linha orientadora a adotar. Facilmente se interpretavam os objetivos, as dinâmicas e a ambição para um mandato.

Passado ano e meio, e com quase um terço do mandato executado, os novos executivos já conhecem bem os cantos à casa, já percorreram uma parte importante do caminho e é tempo de começarmos a perceber se as opções prioritárias e promessas apresentadas são ou não as que norteiam por esta altura a hierarquia das decisões.

Vamos procurar, durante as próximas semanas, perceber junto de alguns dos executivos com quem falámos se o que foi prometido já foi implementado; se o que foi prometido ainda não foi feito; ou se o que foi prometido já foi esquecido ou já nem vai ser implementado. E porquê.

2. O Mercado Municipal foi, precisamente, um dos locais designados por mais candidatos à câmara da Guarda durante a campanha. No contexto atrás identificado, acompanhei e entrevistei Álvaro Amaro no Mercado Municipal. Ali, o então ainda presidente da Câmara de Gouveia evidenciou ter a perceção clara da relevância da Quinta dos Pelâmes na cidade e em especial do estado de deterioração a que há muito tinha sido votado o mercado – com péssimas condições de trabalho, salubridade ou comerciais.

Pelo meio, já meio mundo se tinha esquecido da enorme mentira perpetrada pelo executivo de Joaquim Valente quando ali assegurou, mais de uma vez, que estavam a ser feitas obras no velho matadouro para aí instalarem, provisoriamente, o mercado enquanto avançava o Guarda Mall – esqueceu-se muita gente, mas não os comerciantes do mercado a quem este jornal tantas vezes deu voz e razão para reivindicarem uma intervenção urgente que qualificasse o Mercado; como também este jornal não esqueceu, identificando e denunciando a aldrabice, fotografando e filmando as paredes mal pintadas de rosa, o lixo que não foi retirado ou as obras prometidas que não eram feitas. E denunciando o engodo que era toda a negociata do Guarda Mall que Valente abraçara, sabe-se lá a troco de quê, e que não passava de um projeto megalómano que servia para ganhar votos e silenciar a oposição (que, de resto, neste como em outros assuntos, quase sempre se calaram) … muitos comerciantes recordam, e recordaram-me nas últimas semanas as muitas vezes que ali fomos em reportagem.

Álvaro Amaro nessa entrevista, em setembro de 2013, disse-nos de forma clara que a recuperação do Mercado Municipal, com ele, seria uma das prioridades. Não há um novo mercado como muitos desejariam, mas há, sem dúvidas, um Mercado novo, com boas condições, limpo e agradável para quem lá trabalha e especialmente para quem lá vai às compras. Os comerciantes agradecem, e os guardenses podem regressar ao Mercado Municipal… para onde Amaro prometeu melhor qualificação durante o resto do mandato. Sobre as outras duas prioridades, o desenvolvimento da PLIE e a dinamização da Praça Velha e Rua do Comércio… veremos nas próximas semanas.

Luis Baptista-Martins

Sobre o autor

Leave a Reply