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O presente de Natal

Crónica Política

A “Guarda Cidade de Natal”, mais um rótulo, a somar a tantos outros, a Aldeia Natal, a Vila Natal, enfim este ano somam-se à Guarda várias cidades natalícias, o que é bom, a iniciativa auxilia os municípios para candidaturas promissoras com verbas bem pagas. Para tal torna-se necessário preencher alguns requisitos de candidatura, ter uma boa equipa, e a Guarda tem uma numerosa equipa com bons profissionais, críticos e criativos, o que mostra o sucesso da aprovação de uma candidatura ao financiamento para este fim, o evento com o renome – “Guarda Cidade Natal”.

A Praça Velha está bonita e delicia crianças e adultos num imaginário natalício onde não faltam as renas do Pai Natal, os duendes, carrocel, pista de gelo, casa do Pai Natal com o marco do correio que segue diretamente para a “Lapónia” e a delicia do meu efeito preferido, a fantástica árvore de Natal, e pronto, estão aqui cerca de 400 mil euros, julgo que o nome “Guarda Cidade Natal” ficou um pouco aquém, deveria sim chamar-se – “Praça Velha, o fantástico lugar do Natal”.

Então reparemos, o “Jardim do Gelo” foi da responsabilidade das associações, entidades públicas e freguesias. O presépio feito em manta do cobertor de papa foi o grande elemento que caracteriza a nossa região, e o mercadinho, muito escondido, de Natal é da responsabilidade dos participantes, aqui o custo é apenas da logística e animação. Agora ao fazermos a comparação do dinheiro que cada autarca referiu publicamente vir a gastar com a festa do Natal ficamos escandalizados: Porto, 175 mil euros; Lisboa, 200 mil euros e COMO é que a Guarda vai gastar 400 mil euros? É um escândalo sr. presidente depois do senhor ter vindo ainda dizer que havia uma empresa que oferece os “flutes” e o champanhe é quase dado para a Passagem de Ano e enfim outras miudezas… Certamente, então aqui é uma vergonha!!! Qual é a empresa? Sr. presidente tem que dar contas aos munícipes desta excentricidade e o principal é mostrar quem é a empresa, quem foram as empresas que concorreram e quem ganhou com tudo isto. Sabe, certamente, Sr. presidente que o “Pão e Circo” foi uma política aplicada na Roma Antiga que provia comida e diversão ao povo com o objetivo de desviar a sua atenção de questões relevantes que pudessem gerar revoltas populares. Acha que ainda estamos na Roma Antiga??? Não se engane!!!

Cá entre nós, sou fã fervorosa das festas natalícias. Gosto do clima, das comidas, dos abraços e sorrisos distribuídos. Gosto de reencontrar amigos e de lhes desejar um Feliz Natal bem à moda antiga. Acho que o famoso espírito natalício mexe com todos. Mesmo aqueles mais duros. Natal é família e família é tudo. Aliás, tenho boas recordações dos meus natais, mas sempre temos um momento predileto, o meu é guardar na memória o momento do acender do Madeiro junto à Sé, para todos aqueles que o viviam com a intensidade e calor humano que aí se sentia, sentem-se inevitavelmente saudosistas como eu, e há muitos bem sei. Que pena continuar a haver quem não perceba isso!!! Ficamos apenas com o “Jingle Bells”!!! Como se diz por aí – já não é mau!.

Tudo isto ajuda a fechar a cortina do palco, sim porque o que assistimos são mais momentos cénicos do que momentos de solidariedade que tanto envolve a quadra natalícia. Sim porque o Natal é também o momento de olharmos para o outro. Então veja, Sr. Presidente, poderíamos ter tido o seguinte evento de Natal, mais parecido com – Nós, estas gentes do interior, mais dadas à solidariedade e a causas, sabe porquê? Porque nos fomos habituando com pouco, mas o que temos, temos necessariamente que o construir, assim teríamos “Guarda a Cidade solidária de Natal” e como é que era tudo isto??? Veja que bonito ficava: com os 400 mil euros, o Sr. presidente ajudava a comprar um broncofibroscópio para os guardenses oferecerem à ULS, pois, como sabe, os seus amigos do Conselho de Administração são maus gestores, para além de outras coisas que agora, como é Natal, deixo para as calendas… Eles só são seus amigos e das empresas de festas, este ano até colocaram luzinhas!!! Era um momento lindo e verdadeiramente solidário, os guardenses trocavam a magia da Praça Velha local de Natal pela garantia da qualidade daquele que é considerado um dos serviços de maior prestígio da ULS, o serviço de Pneumologia do hospital da Guarda, que vergonhosamente esteve cinco dias sem um aparelho essencial para o diagnóstico e tratamento de doenças do sistema respiratório.

O senhor acredita nos guardenses? Eu acredito, porque se fizesse a proposta aos guardenses desta troca, só meia dúzia de pessoas, da sua equipa, não a pretendiam. A Guarda iria ficar a verdadeira cidade Natal porque isto é que é Natal, mas poderíamos ir mais longe… Poderia pedir a cada guardense que na janela de sua casa colocasse uma iluminação natalícia e a acendesse todos os dias das 19 às 23 horas para Todos darmos animação e luz à Cidade Natal, que linda que ficaria a Nossa Guarda, creio que nenhum guardense se iria inibir de o fazer, pois é com a envolvência de todos que vamos mais longe. Facto é que quem se omite é conivente.

Crescer na política é fazer simplesmente o que precisa ser feito, deixando que os beneficiados participem com o sentimento da conquista. É apenas uma ideia, uma visão diferente do que poderia ser o Natal Mais, a Guarda precisa de mais. Deixo ainda nesta crónica os meus votos de um Santo e Feliz Natal e um Ano de 2016 cheio de conquistas e saúde.

Por: Cláudia Teixeira

* Militante do CDS/PP

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