Arquivo

«O polícia tem que andar na rua»

Cara a Cara – Entrevista

Perfil:

– João Amaral

– Comandante da PSP da Covilhã

– Naturalidade: Vila do Carvalho, Covilhã

– Idade: 45

– Currículo: Licenciado em Ciências Policiais

– Hobbies: jogging, ler e passear em locais de tranquilidade

P- Quando assumiu as funções de comandante, no início de Setembro, afirmou que pretendia uma PSP mais activa. Conseguiu atingir esse objectivo?

R- Com certeza, sobretudo através da implementação de um policiamento pró-activo em detrimento do policiamento reactivo, que se baseia numa actuação policial sobre factos já consumados. O policiamento pró-activo visa uma actuação preventiva com visibilidade social, tem mais eficiência e uma grande tendência para melhorar o nível de vida dos cidadãos, conseguindo-se assim uma maior aceitação da polícia na comunidade.

P- As pessoas sentem-se mais seguras com uma maior visibilidade da PSP?

R- Sim. Essa visibilidade é operacional e social. A visibilidade operacional diz respeito a uma gestão diferente de policiamento, com emprego dos meios humanos e materiais nos locais onde existem focos potenciadores de ilícitos. O polícia é para andar na rua. Até ao momento coloquei na rua vários elementos que desempenhavam funções administrativas, aumentando assim um maior número de polícias sem haver reforços. Apenas há uma nova filosofia no policiamento. Há também uma maior abertura da polícia à sociedade através da participação em eventos sociais, palestras e colóquios promovidos por várias entidades e também no âmbito da escola segura.

P- Esta nova filosofia de policiamento reduziu a criminalidade, nomeadamente os pequenos furtos?

R- Exactamente. A permanência da polícia na Praça do Município durante 24 horas foi uma boa medida. A Praça do Município é o núcleo principal da cidade, pois tem dezenas de bancos e de caixas Multibanco, centros comerciais, lojas de comércio e de serviços, a Câmara Municipal, o que atrai um número elevado de pessoas e de veículos. É fundamental que haja um policiamento permanente neste núcleo central e também junto do Tribunal, outro núcleo com muita importância na Covilhã. Sem dúvida que posso afirmar que, neste momento, temos a situação controlada no que diz respeito a pequenos furtos. Há uma maior vigilância, uma maior dinâmica de intervenção e uma maior cultura de exigência de responsabilidade, que é sobretudo o que um agente deve cultivar.

P- Como está o processo de criação da Secção de Operações e de Informação e da Secção de Intervenção Rápida?

R- A Brigada de Intervenção Rápida é composta por seis agentes comandados por um chefe e serve para policiar determinados bairros onde existem focos potenciadores de crimes e para apoiar o policiamento dos elementos da Escola Segura junto às escolas. Já a Secção de Operações e de Informações também tem tido um êxito assinalável porque é uma fonte de apoio à decisão do comandante. A triagem e tratamento da informação é feita junto dessa secção e o policiamento é orientado para esses locais. Esta secção tem servido também de apoio a outras tarefas, como a formação. É de salientar que temos tido alguma formação – não a que desejaria –, mas é fundamental que as pessoas a aceitem.

P- O atraso das novas instalações, que estão prometidas há anos, dificulta o trabalho da PSP?

R- Isso são meros inconvenientes que conseguimos superar com o nosso esforço, empenho e dedicação. Posso adiantar que, de acordo com o presidente da Câmara da Covilhã, as novas instalações da PSP da Covilhã vão ser construídas dentro do primeiro semestre do próximo ano e em 2005 teremos o edifício pronto.

P- A PSP da Covilhã precisava de mais meios humanos e materiais?

R- A eficácia de uma força de segurança não depende de mais meios. Posso ter poucos meios, mas bons. Prefiro ter homens imbuídos de uma cultura de exigência e de responsabilidade.

Sobre o autor

Leave a Reply