O perdão é uma das estradas entre os conflitos dos homens. Saber perdoar é aniquilar a raiva, é domesticar a emoção negativa, é permitir tentar de novo. Perdoar tem uma componente néscia, de toleima, o risco de, pela segunda vez, nos deixaram ficar mal. Por isso também perdoar é muito difícil. É o medo da dor, é o medo da vergonha, é o medo de parecer estúpido. Sentimentos muito profundos ficam do crime ou da ofensa e fazem crescer a raiva. Outras vezes a desilusão veste o produto final – quando antes havia amor. Se nos feriram ou agrediram fica o sabor da vingança a crescer na saliva. Vem a adrenalina que nos faz doer a barriga, que nos faz tremer as mãos, que nos faz urinar de susto. Sobra vingança, ódio e raiva que muitos não se lembram mas são coisas diferentes. Todos juntos, estes “sentimentos não” podem conduzir aos gestos de pagamento, ao troco da ofensa e assim surgem muitos crimes passionais, vinganças de violência, acerto de contas, explosão de acumulo de provocações e desrespeitos. O perdão é o menu bíblico, é a resposta que transportaria serenidade, mas vem com pimenta e vinagre e outros sabores intensos. “Dar a outra face” é perceber o perdão como caminho do conflito. Conhecem muitos que são capazes?
Por: Diogo Cabrita
