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O país que nunca foi

observatório de ornitorrincos

O governo, sempre preocupado com as grandes reformas da sociedade, nomeadamente com as suas quando o mandato acabar, decidiu racionalizar a organização da Ciência. Nesse sentido, pretende extinguir a História da Arte, a Geologia e a Literatura Grega Clássica até ao fim do ano, uma vez que são ciências, argumenta o ministro Mariano Gago, “que não fazem nenhum sentido em países envolvidos em ambiciosos Planos Tecnológicos e só fazem perder tempo com porcarias como quadros velhos, pedras antigas e livros que já ninguém lê”. O governo pretende também promover algumas fusões, como a Física com a Linguística ou a Psicologia com a Geometria, para que não haja duplicações de tarefas. Da reforma consta também a venda da Sociologia a uma holding estrangeira, mantendo o governo uma golden share.

Depois de o ano passado Viseu ter assistido a várias perseguições e ataques físicos a homens que abafam a palhinha, este ano são os inspectores do ambiente que correm perigo depois do apelo de Fernando Ruas para correr à pedrada os técnicos do Estado. O governo enviou uma circular aos funcionários do Ministério do Ambiente que costumam frequentar o Kings and Queens para evitarem as ruas de Viseu durante a noite sem companhia – embora seja sabido que essa gente dificilmente aguenta dormir sozinho. O governo concede assim, a todos os inspectores de Viseu que provarem ter relações sexuais com outros homens ou conheçam pessoalmente o Carlos Castro, uma licença de transferência temporária para Lisboa, nomeadamente para os serviços responsáveis pelo parque Eduardo VII.

Os alunos dos 11º e 12º anos reclamaram contra o enunciado das provas de Matemática. O exame continha sinais estranhos (como •ou ) e vários exercícios com letras pelo meio (nomeadamente o “x” e o “y”), quando toda a gente sabe que a matemática se faz com números. Além disso, o exame não apresentava nenhum exercício de aproximação cultural aos adolescentes, como por exemplo pedir para determinar a assímptota que determina o tamanho do biquini da Bia nos Morangos de Verão ou saber qual a equação da recta provocada pelos guinchos de Floribella nas máquinas de medir decibéis. Isto sim, preparava os nossos jovens para um futuro como deve ser.

Ricardo Carvalho reconheceu esta semana o erro no jogo com a França. Não se trata do lance da grande penalidade sobre Henry, mas sim por não ter arrancado a Zinedine Zidane uma cabeçada com o estilo seguro e confiante com que Marco Materazzi o fez. A jogada foi reconhecida pelo defesa português do Chelsea como sendo “de grande estilo e com uma classe insuperável. Temos muito a aprender com a técnica dos italianos”, acrescentou Carvalho. Numa notícia relacionada, a FIFA, depois de considerar Zidane o melhor jogador do Mundial, atribuiu retroactivamente um louvor especial a João Vieira Pinto pela sua acção no Mundial 2002, especialmente no jogo contra a Coreia do Sul.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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