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O país mais caro

Bilhete Postal

O Simplex devia ser a transformação de Portugal num país pequeno, organizado, fácil, devidamente auditado. Mas, em boa verdade, o que vemos é um Portugal onde o preço dos bens é mais caro que o dos vizinhos. A luz, os telefones, a televisão, a utilização do Cabo, os tribunais, as taxas de mil serviços, a Internet, tudo isso para quem paga, porque a verdade é que muitos não pagam e há sempre esse favor de não sermos todos iguais e, portanto, alguns pagam para os muitos que nada têm que pagar. Manuel Portela, é Bombeiro, é dador de sangue, usufrui do rendimento mínimo e por essa razão só recebe e não paga. Manuel Portela põe as filhas a mendigar e faz biscates por todo o lado. Tem uma casa camarária com renda de 20 euros e a ex-mulher tem a renda a 4 euros. Manuel Portela auto intitula-se Manuel Portagem porque só de o ver pagamos. Nós pagamos-lhe a casa, a saúde, o salário, os arrumos de carro que faz ao domingo. Manuel diz que é juiz, porque, como eles, não paga a Carris e não paga os comboios. Tem 60 anos e foi funcionário dos comboios dois ficando com reforma vitalícia, pois cortou um dedo. Há quem diga que o colocou de propósito na linha, pois sabia que lhe dava rendimento. Manuel Portagem, “o juiz”, aprendeu os truques todos de vigarizar o Estado e, por isso, só recebe. “Recebe” é o meu apelido, diz na secretaria do Hospital onde vai diariamente. «De tanto cá vir sou quase médico. Há até quem me chame doutor» – diz.

De facto Manuel Portagem, “o doutor juiz”, é irmão de milhões de crianças nascidas em berço de ouro que nada pagam, e vai de família com milhares de bombeiros e está de abraço com milhões de crónicos. Assim há milhões de nós que nada pagam e dos 12 que somos todos os Portugueses, parece que já só somos 2 milhões os pagantes do Simplex. Assim é mesmo muito mais caro.

Por: Diogo Cabrita

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