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«O nosso queijo é o melhor queijo de ovelha que se fabrica em Portugal»

Óscar Mendes, sócio-gerente da Lacticínios Monte Verão, sedeada em Vale de Azares, Celorico da Beira

P – A empresa Lacticínios Monte Verão já conta com alguns anos de existência. Como surgiu este projecto?

R- Após regressar a Portugal, depois de 26 anos de Angola, o meu pai, António Mendes dedicou-se à comercialização de queijo puro de ovelha. Contudo, por ter sido toda a vida uma pessoa empreendedora e dinâmica, fruto de actividade comercial e empresarial na ex-colónia, decidiu investir tudo o que tinha amealhado até então numa queijaria. Esta ideia não foi fácil de concretizar, pois teve inúmeras dificuldades. Passadas todas as barreiras, o projecto tornou-se realidade e a empresa nasceu a 19 de Novembro de 1982, fundada pelos sócios António Mendes e a esposa, Antónia Maria Ferreira dos Santos Mendes, sendo pois uma empresa familiar com sede na freguesia de Vale de Azares, concelho de Celorico da Beira. Desde aquela data, a Lacticínios Monte Verão tem-se dedicado ao fabrico de queijo puro de ovelha amanteigado ou curado e também de requeijão, seguindo sempre os métodos e processos tradicionais, procurando conservar sempre as técnicas de fabrico, as quais permitem a qualidade desejada pela empresa e pelos seus consumidores. A partir desses patamares de qualidade, é produzido um queijo uniforme e homogéneo que tem sabido conquistar os mercados em que tem penetrado. A empresa labora aproximadamente um milhão de litros de leite de ovelha por ano, sendo considerada à luz da legislação sobre licenciamento industrial uma empresa de classe tipo 3.

P- Até onde quer ir a empresa Lacticínios Monte Verão?

R- Desde 1997, altura em que o meu pai António Mendes, devido aos seu precário estado de saúde foi obrigado a afastar-se da empresa, que a mesma é conduzida pela minha mãe Antónia Maria Mendes, por mim e pelo meu irmão, Jorge Mendes, que assumimos a direcção da empresa em 2000, e que, com muita dedicação e empenho, temos conseguido manter a empresa, não apenas em funcionamento, mas no mesmo ritmo de trabalho, sempre nos limites. Assim sendo, como já trabalhamos nos limites da capacidade de produção, não podemos crescer muito mais, pois isso implicaria mexer com a estrutura toda, ou melhor pensar mesmo numa unidade nova, que teria forçosamente que se localizar noutro local que não o actual. No entanto, a vontade de todos nós, sócios, não é aumentar a produção mas sim melhorar a qualidade até onde for possível.

P- Qual a estratégia para manter a estabilidade económica em tempo de recessão?

R- Manter a produção dentro dos elevados parâmetros de qualidade a que os nossos clientes estão habituados, procurando não nos desviarmos do rumo que está traçado, para assim continuarmos a vender um produto excelente. Manter os clientes que connosco lidam hà vários anos, e que também eles são responsáveis pela sucesso da empresa pois têm honrado sempre os seus compromissos connosco. Finalmente, manter os nossos colaboradores, pois têm sido uma peça muito importante nesta “engrenagem”. Desde 2002 que a Lacticínios Monte Verão implementou o sistema HACCP nas suas instalações, de forma que todo o processo de fabrico seja feito com o máximo de segurança, higiene e qualidade, eliminando, assim, qualquer ponto crítico.

P- A Lacticínios Monte Verão desenvolveu ao longo da sua existência uma boa imagem comercial junto dos seus clientes e comunidade em geral. O que foi feito para que isso acontecesse?

R- A nossa preocupação foi sempre desde a primeira hora fabricar um bom queijo de ovelha, o que não foi fácil, pois só com tempo, comparando fabricos e registando tudo, foi possível chegar a um produto final com a qualidade que hoje temos, que não nos envergonha. Bem pelo contrário, modéstia à parte, à nossa empresa têm chegado elogios, referindo que o nosso queijo é o melhor queijo de ovelha que se fabrica em Portugal. Ora, isto como é óbvio deixa-nos muito satisfeitos e a partir daí a mensagem vai passando. Resumindo, quando se fabrica um produto de inegável qualidade como é o nosso, o resto vem por acréscimo e a imagem e promoção da empresa é o próprio produto.

P- Costumam participar em feiras e promoções do sector?

R- Sim, no entanto, no passado, fizemo-lo com mais frequência do que hoje. Estivemos presentes em feiras, não só do sector, mas também em feiras agro-alimentares em quase todo o país. Damos como exemplos a Feira Nacional de Agricultura de Santarém, Agro Braga, Ovibeja, Fatacil, Feira do Fumeiro, dos Sabores do Nordeste da Beira, entre outras. Para nós era um prazer fazê-las todas, pois além da promoção e divulgação dos nossos produtos, foi também aí que arranjamos muitos clientes que ainda hoje se relacionam connosco. Contudo, existe sempre um problema, para estarmos num lado, não podemos estar no outro. Assim, decidimos estar mais tempo na empresa, pois é aí que somos mais necessários. É onde tudo começa e tem que ser gerido com muita dedicação. Temos que olhar por nós, porque não serão os outros que o vão fazer. Actualmente, fazemos só duas ou três feiras por ano.

P- Porquê a marca Monte Branco?

R- Apostamos neste nome há já muito tempo, está registada no INPI, pois quisemos que o nosso queijo tivesse um nome para, assim, começar a ficar na memória dos portugueses e não haver dúvidas quando fossem escolher um queijo de ovelha, enfim, a melhor forma de fidelizar os clientes.

P- Num contexto concorrencial onde opera a vossa empresa, como perspectiva o seu futuro?

R- O futuro a Deus pertence! Todavia, se continuarmos a produzir um queijo de qualidade, não teremos grandes dificuldades em escoar o nosso produto. Quanto aos nossos clientes, esperemos que se portem como até agora, para que não tenhamos grandes problemas nos recebimentos e assim conseguirmos manter a empresa financeiramente estável. Queremos manter os postos de trabalho, dando estabilidade às pessoas que colaboram connosco e, se necessário, criar mais um ou dois postos de trabalho. Em suma, queremos continuar a ser uma PME localizada no interior do país, onde há tanto por fazer e, por vezes, há tantas dificuldades e continuar a produzir o melhor queijo de ovelha português.

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