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O mundo a seus pés

Mediateca VIII Centenário debate hoje e amanhã a “Era da Cibercultura”

A aldeia global já era. Dos seus despojos surgiu uma espécie de quarteirão universal onde tudo está à mão de semear e meio mundo entra em nossa casa a um ritmo vertiginoso graças às novas tecnologias de comunicação e informação. São as implicações deste universo virtual na actividade humana que a Mediateca VIII Centenário, na Guarda, vai debater no terceiro ciclo de conferências dedicado à Cibercultura. Seis especialistas discutem hoje e amanhã “A Era da Cibercultura: O Futuro é Hoje”, um tema complementado com a projecção do visionário filme “Jogos de Guerra” e um concerto multimédia do projecto guardense “Buster Bitz”.

A cibercultura, e as novas tecnologias a ela associadas, mudaram a visão do mundo contemporâneo e são já uma manifestação essencial das sociedades modernas, marcadas quase de forma epidémica pela cultura digital e electrónica. Uma influência manifesta na educação, ensino, ciências, conhecimento, pensamento filosófico, sociologia, economia, cultura e artes, entre outras actividades, que importa reflectir questionando sobretudo qual será neste momento a relação existente entre o homem e a “máquina”, o «ser de silício», como lhe chamou o cientista Carvalho Rodrigues na última edição destas conferências. Os contributos para a análise de um meio imprescindível na superação dos limites espaciais e temporais começam esta manhã com António Machuco (Universidade Lusófona), que introduz a “História da Internet e Cibercultura”, enquanto José Carlos Miranda (ESTG/IPG) abordará o lado lúdico e formativo do multimédia falando do seu potencial para entreter e educar. À tarde, António Matias Gil (Dom Digital) conta a sua experiência empresarial na área da Internet e “Os Impactos da Nova Era”.

Este primeiro dia termina com a exibição do filme “Jogos de Guerra”, do norte-americano John Badham. Uma produção estreada há 20 anos que antecipou fenómenos actuais como a pirataria cibernética, a comunicação digital, o “hacking”, a Internet, a segurança dos sistemas informáticos e, consequentemente, a nossa. O filme, baseado num episódio verídico que colocou o mundo à beira de um conflito nuclear, apresenta tudo o que de positivo e perigoso acarreta a tecnologia de ponta e é um suplemento bastante didáctico. Amanhã, o ciclo prossegue com os temas “Comunicação no Ciberespaço: Mitos e Paradigmas”, por Paulo Serra (UBI); “A Mente Distribuída. Como nos Tornámos Pós-Humanos”, de Miguel Prata Gomes (ESE Paula Frassinetti) e “A Sociedade da Informação e as Pessoas com Necessidades Especiais”, de Francisco Godinho (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro). A iniciativa da Mediateca VIII Centenário termina à noite com o concerto multimédia dos “Buster Bitz”. Formado por Tó-Zé “Craft”, Ricardo Louro e Rui Adamastor, este trio guardense envereda pela manipulação de imagens coladas a música, sons e palavras. “C Ya”, título desta proposta, apresenta uma parte visual composta por colagens e remontagens de excertos de filmes com filmagens originais. O resultado pode ser visto como um filme recriado com recursos a efeitos digitais de manipulação de imagem, acompanhado de uma banda sonora feita de composições instrumentais (dominada pela sequenciação rítmica) e temas vocalizados em estilo “hip-hop” e “free-style”.

Luis Martins

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